Publicada em 17 de janeiro de 2025
Por Jorge Henrique (Presidente do SindEnfermeiro-DF)
2024 foi o ano em que os enfermeiros da Secretaria de Saúde (SES) mais produziram na assistência à saúde pública do Distrito Federal. Mais do que isso, os enfermeiros lideraram os números da assistência em saúde na capital federal. Foram 2,1 milhões de atendimentos realizados no SUS, o que representa quase 60% dos atendimentos na Atenção Primária em Saúde do DF.
Em relação à assistência das gestantes e ao nascimento, as enfermeiras obstetras realizaram mais de 6 mil partos naturais no SUS e, na assistência ao pré-natal, os enfermeiros fizeram mais de 110 mil atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Além disso, estes profissionais proporcionaram um aumento de 40% no número de inserções de Dispositivo Intrauterino em todo o DF, garantindo às mulheres o direito a um método contraceptivo de longa permanência de forma gratuita no SUS.
É sabido, também, nesse mesmo contexto, que os enfermeiros enfrentaram bravamente uma pandemia, arriscando suas vidas para salvar a população e que, em caráter permanente, vêm enfrentando uma série de outras epidemias, frutos de crises climáticas, ambientais e sociais, como no caso da dengue no ano de 2024, quando realizaram mais de 252 mil atendimentos no período de janeiro a junho do ano passado.
Todas estas ações expressam a capacidade produtiva dos enfermeiros, justificadas pela incorporação das práticas avançadas destes profissionais no âmbito da saúde pública do DF. As mudanças no perfil epidemiológico, os novos determinantes da saúde e as novas tecnologias, proporcionam o avanço dos enfermeiros sobre a compreensão do seu papel na saúde pública e na definição do escopo de práticas na rede assistencial. Este novo cenário proporciona o aumento da resolutividade dos serviços e democratiza o acesso da população à assistência em saúde no DF.
Em que pese todo o compromisso destes profissionais, os enfermeiros possuem os menores salários dentre as carreiras de ensino superior da SES. São aproximadamente 5 mil servidores, em sua maioria mulheres, que historicamente não tiveram o trabalho reconhecido pela sociedade e que sofrem com baixos salários, mesmo desenvolvendo atividades essenciais para a população.
A categoria de enfermagem, hoje, é a que apresenta os maiores índices de acidente de trabalho, e é que mais sofre com a violência física, verbal e psicológica no trabalho em saúde. Enfermeiros e enfermeiras são os que apresentam maiores taxas de absenteísmo entre os profissionais da SES, refletindo o grau de exploração e as péssimas condições de trabalho as quais estes profissionais são submetidos.
Os enfermeiros já estão há mais de 10 anos lutando por reconhecimento e valorização de seu trabalho no âmbito da saúde pública do DF. Mas, infelizmente, o GDF não destinou palmas, nem reconhecimento e muito menos valorização para esses profissionais. Por isso, em 2025, para que estes profissionais continuem ampliando o acesso à saúde e o desenvolvimento de um SUS mais resolutivo, o Governo Ibaneis deve fazer justiça, concedendo a Isonomia Salarial para os enfermeiros.