Por Michelle Horovits
O consumo de álcool, uma prática comum em várias culturas ao redor do mundo, está associado a uma série de riscos graves à saúde. De acordo com um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no mês de junho, o álcool é responsável por cerca de 2,6 milhões de mortes anualmente, sendo que os homens representam quase 75% desse total. A OMS aponta que o álcool causa uma em cada 20 mortes no mundo, em grande parte devido a acidentes de trânsito, dependência, doenças cardiovasculares, câncer e cirrose.
No Distrito Federal, um em cada quatro indivíduos apresentou consumo abusivo de bebidas alcoólicas no ano passado, conforme dados do Boletim Epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde (SES-DF) sobre esse tema. O resultado posiciona o DF no segundo lugar do ranking de ingestão excessiva por habitantes das capitais do Brasil, com 25,7%, atrás apenas de Salvador, com 28,9%.
O chefe de Oncologia Clínica da SES-DF, Gustavo Ribas, ressalta a importância dos dados da OMS para a formulação de políticas públicas de saúde. “Esses dados são vitais para entendermos como o consumo de álcool afeta não apenas a população em termos de mortalidade, mas também a qualidade de vida e os encargos sobre o sistema público de saúde”, afirma Ribas.
O álcool, como intoxicante, afeta profunda-mente o sistema nervoso central, além de apresentar efeitos tóxicos significativos nos sistemas digestivo e cardiovascular. Classificado como cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), o consumo de bebidas alcoólicas eleva o risco de vários tipos de câncer, como os de estômago, esôfago e fígado.
O especialista da SES-DF afirma que o álcool atua como imunossupressor, aumentando a vulnerabilidade a doenças infecciosas, incluindo tuberculose e HIV. “Globalmente, cerca de 209 milhões de pessoas sofriam de dependência do álcool em 2019, representando 3,7% da população mundial”.
Embora o relatório indique uma leve redução no consumo global de álcool e nos danos associados desde 2010, as consequências sociais e os impactos sobre os sistemas de saúde permanecem alarmantemente altos, em todo o mundo. Populações jovens são particularmente afetadas, com 13% das mortes atribuídas ao álcool ocorrendo entre indivíduos de 20 a 39 anos.
“Qualquer consumo de álcool está associado a riscos de curto e longo prazo à saúde, tornando difícil a definição de limites seguros para seu consumo. Precisamos de políticas que não apenas conscientizem, mas que também ofereçam suporte às populações mais vulneráveis, para reduzir os impactos do álcool sobre a saúde global”, finaliza Ribas.
Como conseguir ajuda
Atualmente, uma das formas de combate ao consumo de álcool, da Secretaria de Saúde é o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD) que atende pessoas maiores de 16 anos, que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso nocivo e dependência de álcool e outras drogas. Os profissionais oferecem apoio de forma contínua, incluindo feriados e finais de semana, além de acolhimento noturno. A SES-DF mantém parceria com o grupo de Alcoólicos Anônimos (AA), que funciona em algumas unidades no DF.
Clique aqui e saiba mais sobre o apoio oferecido pelo Caps AD.