
Cursos voltados para o aperfeiçoamento profissional e a conquista de direitos foram realizados na manhã do segundo dia do 27º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF). Conduzidos por especialistas, trouxeram à pauta temas centrais para a Enfermagem brasileira.
Entre os assuntos debatidos, destacaram-se a violência sofrida pelos profissionais de saúde e a importância da formulação de políticas públicas para a categoria.
“Os trabalhadores estão desamparados em suas redes de trabalho. É preciso começar a pensar em como combater as violências que estão acontecendo nos ambientes de trabalho. Não aceitem nenhum tipo de violência, denunciem, porque não é possível continuarmos com esse tipo de prática na sociedade”, ressalta Helga Bresciani, segunda-secretária do Conselho Federal de Enfermagem.
Assédio moral na Enfermagem
A normalização da violência e da precarização no trabalho impacta diretamente a saúde mental e as condições de vida dos profissionais. Maria Helena Machado, pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destaca que esse tema se tornou recorrente no Brasil.
“Todo mundo acha ‘normal’: a pejotização, a uberização da força de trabalho, a precarização, o subemprego, o subsalário e a subjornada. Significa que não ganho o suficiente, não trabalho o que gostaria ou deveria e não tenho condições de empregabilidade. Isso nos leva a discutir o desemprego estrutural na Enfermagem.”
A pesquisadora também aponta a violência externa, sofrida pela equipe de Enfermagem na linha de frente e denuncia que é grave, mas que, ainda assim, os profissionais enfrentam o não reconhecimento social de seu trabalho.
Entre os fatores essenciais para a promoção de melhores condições está a observação e o alerta sobre o adoecimento físico e psíquico, que frequentemente leva ao afastamento ou abandono da profissão.
Maria Helena comenta que ambiente de trabalho na saúde não pode continuar sendo gerador de doença e mal-estar para os profissionais. É preciso transformá-lo em um espaço de saúde, pois, quando isso não acontece, a equipe se desagrega. A Enfermagem, presente 24 horas por dia no cuidado, não pode permanecer sem espaço de valorização.
Políticas públicas em Enfermagem
A Enfermagem desempenha um papel primordial na formulação de políticas públicas, capazes de melhorar as condições de trabalho, fortalecer o SUS e transformar desafios em ações concretas.
A sessão “A Enfermagem como protagonista na formulação de políticas públicas de saúde” trouxe reflexões sobre como a participação da categoria amplia eficiência, inclusão e sustentabilidade do sistema.
A enfermeira Elisiane Gomes Bonfim reforça a importância de ocupar espaços de decisão para transformar políticas em ações concretas. “Pensar em política também é pensar na defesa dos pacientes. O fortalecimento do SUS passa pelo reconhecimento estratégico da Enfermagem como protagonista na criação e implementação de políticas que impactam a vida de milhões de brasileiros.”
Confira a lista completa das sessões científicas
• Novas tecnologias nos procedimentos de sondagem enteral e vesical
• Assistência de Enfermagem na primeira semana de vida do bebê: da maternidade à Atenção Primária à Saúde
• Protagonismo da Enfermagem na Cirurgia Segura: o cuidado perioperatório para a segurança do paciente
• Assédio moral e sexual na Enfermagem: impactos na equipe e caminhos inovadores para a prevenção
• Enfermagem e Cannabis Medicinal no Brasil: desafios e possibilidades na transformação do cuidado
• O impacto das alterações ambientais na saúde da população e os desafios para a Enfermagem
• Segurança da informação e proteção de dados no uso de tecnologias em Enfermagem
• Atuação da Enfermagem em arritmias letais e não letais
• A Enfermagem como protagonista na formulação de políticas públicas de saúde
Fonte: Ascom/Cofen