Os profissionais de Enfermagem que sofrem violência no trabalho não precisam carregar sozinhos o peso do silêncio. Normalizar a violência deixa marcas que adoecem, física e mentalmente.
A violência psicológica é a mais comum, respondendo por 66,5% dos relatos na pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil (Cofen/Fiocruz), mas em 17,1% dos casos chegam à agressão física. “Toda marca conta uma história. E a Enfermagem não pode mais carregar essas sozinha” é tema de campanha do Conselho Federal de Enfermagem.
“O profissional não está sozinho. Encorajamos a denunciar situações de violência. Em caso de agressão física, o profissional de Enfermagem deve se dirigir à delegacia mais próxima para registrar um Boletim de Ocorrência (BO), além de reportar a sua chefia e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de seu estado. Para ameaças ou agressões verbais, o BO também pode ser feito online”, explica o presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Manoel Neri.
“As pessoas, de modo geral, têm dificuldade de partilhar vivências que trazem um sentimento de vergonha, de fragilidade, mas lidar solitariamente com eventos de violência pode ampliar o sofrimento”, explica o enfermeiro Anderson Funai, representante do Cofen na Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde.
“Na Enfermagem, profissão de maioria feminina, há ainda um marcador social de gênero. Muitas vezes as mulheres guardam para si o que sofreram, principalmente nos casos de assédio sexual. A cultura machista acaba fazendo com que a vítima creia que é responsável pelo ato”, relata.
Marcas da Enfermagem
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lançou, neste mês de outubro, a campanha Marcas da Enfermagem. Envolvendo diversas ações, incluindo parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a iniciativa destaca a urgência de combater a violência contra enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes. ”A campanha busca dar voz a esses profissionais que sofrem violência no trabalho, sensibilizar a sociedade e cobrar medidas concretas do poder público”, afirma Manoel Neri, presidente do Cofen. Entre as ações adotadas pelo Cofen estão a mobilização em apoio ao do PL 6.749/2016, a defesa de ações estruturantes para garantir o adequado dimensionamento profissional e o apoio aos profissionais vítimas de violência.
Fonte: Ascom/Cofen – Clara Fagundes



