Redução de 19% de internações relacionadas ao diabetes e de 24% por conta da hipertensão. Queda de 60% no número de pacientes com complicações causadas pelas doenças crônicas e menos internações nos hospitais. Os resultados registrados pelo Centro de Atenção ao Diabetes e Hipertensão (CADH), no Paranoá, credenciaram a unidade a se tornar um centro colaborador do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Profissionais de todo o Brasil passarão a acompanhar de perto o trabalho desenvolvido por servidores da Região Leste de Saúde do DF.
“O reconhecimento do CADH como centro de treinamento só se deu porque o local tem um acolhimento diferenciado, completo”, afirma a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. A gestora se refere ao atendimento que é feito em uma só visita na unidade. Quando o paciente dá entrada, são realizadas consultas em sequência com médico, fisioterapeuta, nutricionista, assistente social, psicólogo, enfermeiro e farmacêutico, além de verificações imediatas sobre complicações, como o pé diabético.
“No modelo tradicional o paciente ficaria em listas diferentes de espera. Nesse modelo a gente consegue garantir o atendimento em suas diferentes necessidades”, explica a enfermeira Jane Franklin, diretora de Atenção Especializada da Região Leste de Saúde do DF.
Esse acompanhamento constante e diferenciado é elogiado por Flávio Luiz de Moraes, de 59 anos, um dos 1.300 pacientes do CADH. “Eu sou fruto desse trabalho. Convivi com uma diabetes muito brava. Foi o carinho dessas pessoas daqui que me renovou. Só tenho que agradecer”, diz. Desde que foi iniciado a nova metodologia de trabalho, também não foram registrados na área casos de pacientes que sofreram amputações por conta da diabetes.
“Essa excelência alcançada na Região Leste vai ser propagada na rede pública de saúde do DF”Lucilene Florêncio, secretária de Saúde
Esse trabalho de gestão feito no CADH é resultado de um projeto muito maior. Na realidade, a linha de cuidados envolve desde as unidades básicas de saúde (UBSs) até o Hospital da Região Leste (HRL). Esse processo de trabalho é conhecido como planificação, e o projeto-piloto foi iniciado em 2016 na Região de Saúde Leste, uma área que compreende uma população total de 340 mil pessoas das regiões administrativas do Paranoá, Itapoã, São Sebastião, Jardins Mangueiral e Jardim Botânico.
Uma das principais etapas é o matriciamento, quando servidores especializados em diabetes e hipertensão fazem treinamentos para os colegas das 28 UBSs da região de saúde. Isso permite que casos mais simples sejam acompanhados localmente, com a vantagem de ser até mais perto da residência dos usuários, e somente os mais complexos sigam para o CADH. Ao fim, o foco é reduzir a procura direta ao hospital, bem como diminuir o agravamento de casos, levando a internações hospitalares que podem ser evitadas.
A estruturação das redes de atenção, o acolhimento dos usuários e o correto direcionamento dos serviços serão parte do treinamento a ser ofertado aos servidores dos estados que vierem conhecer o trabalho desenvolvido no DF. “Isso permite alcançar resultados positivos, não só do ponto de vista sanitário, de indicadores, mas também do ponto de vista de satisfação dos usuários e dos servidores”, acrescenta o superintendente da Região Leste de Saúde, Sidney Sotero Mendonça.
O projeto de planificação começou em 2016 com treinamento das equipes tanto da Atenção Primária quanto da Atenção Secundária, com apoio do Conass e assistência técnica do Hospital Israelita Albert Einstein, do Hospital Beneficência Portuguesa e do Ministério da Saúde. “Isso é resultado de um trabalho diário de uma equipe que se reúne para atualização científica, para atualização de rede e para mapeamento e melhoria de processos”, finaliza Jane Franklin.
Segundo a secretária de Saúde, a proposta, agora, é ampliar a planificação para outras regiões de saúde. “Essa excelência alcançada na Região Leste vai ser propagada na rede pública de saúde do DF”, pontuou Lucilene Florêncio.