Dados do Censo da Educação Superior 2022, divulgados ontem (10/10) pelo Ministério da Educação (MEC), revelam que 72% dos calouros do ensino superior privado estão matriculados em cursos não-presenciais. A situação preocupa especialistas, pela fragilidade de regulação do ensino EaD.
O ministro da Educação, Camilo Santana, classificou o cenário como “alarmante e desafiador”. O censo revela uma tendência acelerada de expansão da educação a distância (EaD), que já havia aumentado 474% entre 2011 e 2021. No mesmo período, as matrículas no ensino superior presencial se reduziram 13,9%.
“São aproximadamente 3 milhões de alunos matriculados, muitos deles em cursos de baixa qualidade, com limitado acesso a estágios e atividades de extensão”, afirma a presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Betânia Santos. Muitos egressos enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
“Estamos preocupados com esse aumento e o MEC fará uma análise mais rigorosa dos cursos”, afirmou Camilo Santana, que citou a abertura de consulta pública sobre a regulação dos cursos EaD de Enfermagem, Odontologia, Psicologia e Direito.
“Nós, do Cofen, estamos nesta luta há mais de uma década, alertando o MEC sobre os perigos da proliferação desordenada de cursos de baixa qualidade, que não atendem as necessidades de formação nem as demandas locais do mercado de trabalho. A Enfermagem exige formação teórico-prática e contato com equipamentos de Saúde, professores e pacientes”, reforça a assessora do Cofen Dorisdaia Humerez, que coordenou em 2015 a Operação EaD.
Consulta Pública
Pressionado pelos conselhos, Ministério da Educação instituiu Grupo de Trabalho (GT) de especialistas, que lançou, em 29 de agosto, relatório sobre os cursos a distância de Enfermagem, Odontologia, Psicologia e Direito, e anunciou a abertura de consulta pública para ouvir a sociedade. A consulta ainda não está disponível no site do MEC.
“O Cofen está acompanhando e aguarda com muita expectativa a abertura da consulta pública. Convidamos todos para colaborarem e ajudarem a frear a proliferação desordenada de cursos a distância, sem estrutura mínima e incompatíveis com uma formação de qualidade. Isto afeta diretamente a qualidade da assistência”, afirma Gilvan Brolini, coordenador da Câmara Técnica de Ensino e Pesquisa (CTEP/Cofen).