Enfermagem Unida

Clamídia: praticamente metade da população brasileira nunca ouviu falar de doença silenciosa que pode causar infertilidade, diz estudo

Por Oziella Inocêncio

Todos os anos, cerca de 131 milhões de pessoas são contaminadas pela Clamídia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os números preocupam especialmente porque é uma doença silenciosa que, se não tratada de maneira adequada, pode trazer diversas consequências — incluindo a infertilidade feminina e masculina. 

A maior parte das infecções por Clamídia ocorre sem causar nenhum sintoma. Foi devido a essa característica predominantemente assintomática, que a doença se disseminou pelo mundo. Por isso, também, conforme apontam especialistas, acontece com frequência da doença ser descoberta somente quando o casal vai tentar a gravidez e não consegue. E, pertinente ao assunto, o último estudo feito pela Famivita constatou que 49% dos brasileiros e brasileiras nunca ouviram falar sobre a Clamídia. Outro dado capturado pela pesquisa foi que 78% das mulheres que estão tentando engravidar, mencionaram desconhecer a doença.

Causada pela bactéria Chlamydia Trachomatis, a enfermidade é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal e oral) ou de mãe para filho, no momento do parto. Considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), ela atinge os órgãos genitais de homens e mulheres e pode também afetar os olhos e a garganta.

O prejuízo à capacidade reprodutiva é uma consequência comum da Clamídia. Isso porque quando ela se desenvolve e vai se tornando um problema mais grave, pode atingir órgãos responsáveis por isso. Nas mulheres, por exemplo, a Clamídia pode significar infertilidade, à medida que provoca a inflamação do útero e das tubas uterinas, causando a Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Isso pode fazer com que as tubas fiquem obstruídas, impedindo a passagem dos espermatozoides ou do embrião. Favorece, ainda, a gestação ectópica, ou seja, fora do útero, considerada de risco para a mulher.

Os homens também podem se tornar inférteis como consequência da Clamídia. As duas principais doenças relacionadas são a prostatite e a epididimite, inflamação na próstata e no epidídimo, respectivamente. Estas enfermidades podem prejudicar ou impedir o transporte dos espermatozoides, causar alterações seminais e distúrbios hormonais, incluindo diminuição do número total de espermatozoides.

Quem vê cara, não vê infecção

As IST’s são causadas por vírus, bactérias e outros agentes e disseminadas principalmente pelo contato sexual sem proteção. Anteriormente elas eram chamadas de DST’s (doenças sexualmente transmissíveis). A nomenclatura foi alterada porque, segundo a OMS, o termo “doença” se refere a um problema de saúde que resulta em sinais visíveis no organismo, e muitas pessoas contraem as IST’s e não apresentam nenhum sintoma, como no caso da Clamídia.

Porém, apesar de ser assintomática em cerca de 70% dos casos, a Clamídia pode se revelar em alguns sinais, como vontade frequente de urinar e ardência durante o ato, corrimento vaginal ou uretral, inchaço na vagina, nos testículos e no ânus, entre outros. E o estudo feito pela Famivita também explicitou que entre as pessoas entrevistadas, 76% nunca fizeram um exame para saber se têm Clamídia, sendo que 22% responderam que sim, realizaram a análise e deu negativo, e 2% disseram que tiveram um resultado positivo.

Importante ressaltar que o índice de pessoas que já receberam um exame positivo para Clamídia convergiu para a faixa etária dos 45 aos 49 anos, com 30%. Além disso, as análises que retornaram positivamente, relativas às pessoas entrevistadas, em geral, foi de 12%, sendo que 18% concentraram-se nos exames dos homens.

As informações por Estado, deram conta que o Espírito Santo é a localidade em que mais pessoas têm ciência acerca da Clamídia, com 63%, seguida pelo Amapá, com 62%. Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal aparecem nesse ranking com 58%, 56% e 55%, respectivamente. Já Maranhão e Rondônia empataram, com 41% respondendo saberem a respeito dos perigos da Clamídia.

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