Por Francisco Espínola
A Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou sessão solene durante a manhã desta segunda-feira (5) para marcar a celebração do Dia do Motociclista. A reunião ocorreu por iniciativa do deputado Jorge Vianna (PSD), que presidiu a reunião trajando jaqueta de couro e com capacete ao lado, ambos com identificação do Samu, além de óculos escuros.
O distrital lembrou sua história no Samu. “Fizemos parte dessa vanguarda de serviços de motociclistas de urgência e emergência no Brasil e tive a honra de ser um dos fundadores do primeiro time de motociclistas do Samu. Na época era antagônico, o próprio Samu não acreditava nos motociclistas. Fizemos o curso, fomos para a rua e salvamos muitas vidas. Nossos colegas bombeiros começaram também. Provamos que era possível fazer socorro, fizemos o tempo de resposta reduzir consideravelmente, chegando até a vítima e fazendo os procedimentos e salvando vidas”, lembrou Jorge Vianna.
Ele falou ainda sobre a importância da moto como meio de transporte e de atividade profissional que garante o sustento para muitas famílias. “A moto tem sido aproveitada com sucesso no segmento de entrega de mercadorias a domicílio. Trata-se de uma fonte de ocupação rentável e que hoje representa o ganha-pão a cerca de 30 mil brasilienses que exercem a atividade profissionalmente”, destacou o parlamentar.
Por fim, Vianna registrou a relevância das associações. “Em todas as regiões a população tem se organizado em moto clubes, instituições privadas que promovem confraternizações, passeios, campanhas sociais e atividades filantrópicas. Cada um contribui para o DF de sua forma. Por isso, ao celebrar o dia do motociclista, gostaria de homenagear todas as entidades envolvidas nessa modalidade de transporte”, exaltou o deputado, que é autor do PL 1158/2024. A proposta obriga empresas de tecnologia a notificar e justificar aos motociclistas a aplicação de penalidade, facultando a ele o direito de defesa.
Também participou do encontro o deputado Iolando (MDB), que rememorou tempos de serviço na Força Aérea Brasileira da qual saiu após ser reformado devido a um grave acidente com moto. “A gente sabe que acidente de moto é grave. Eu, graças a Deus, fiquei com uma pequena sequela devido a lesão do plexo que paralisou o movimento do braço, mas sobrevivi. Eu resolvi entrar no segmento e comprei um triciclo. É muito gostoso, tem a mesma sensação da moto com mais segurança. Acho que você vai se adaptar bem”, disse o distrital, convidando o Jorge Vianna a experimentar a modalidade.
Iolando registrou ainda que o segmento “tem uma atividade social muito importante, por exemplo, com doações para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul.
Reivindicações
A presidente da Associação dos Motociclistas do DF e Entorno, Rosa Cigana relatou, entre outros, o pedido da categoria pelo aumento no número de bolsões para motociclistas nos semáforos. “Quando criados foram muito bem recebidos por todos nós e precisamos expandir mais bolsões por toda a cidade do DF e do entorno. Ele traz uma segurança fantástica para nós quando saímos do semáforo. Então a gente pede ao Detran e outros órgãos competentes para expandir para nossa segurança. Outro pedido é a faixa azul [exclusiva para motos] que em São Paulo, na 23 de maio, chegou a diminuir 47% o índice de acidentes. Gostaríamos de trazer para o DF. E recentemente, conseguimos dentro dessa Casa a aprovação da lei contra o uso de linhas cortantes, o cerol. O que precisamos agora é fiscalização. A lei existe, mas quem vai fiscalizar”, indagou Rosa.
O subtenente do Corpo de Bombeiros Militar do DF Carlos Bruno de Souza Ávila informou que desde 2009 a corporação presta o serviço de socorro com motocicletas e ostenta baixíssimos índices de acidentes. Além disso, registrou que oferecem treinamento para a sociedade. “Criamos em 2015 um curso de pilotagem defensiva voltado para a comunidade do DF. Já temos mais de 2.500 motociclistas formados por nós e recebemos feedback positivo. O motociclista comenta que graças ao treinamento se livrou de acidente porque ‘fez a frenagem de emergência’ corretamente. Para nós, isso é muito gratificante”, afirmou Carlos Bruno.
O representante dos motociclistas do SAMU, Antônio Carlos reforçou a importância da moto no trabalho de atendimento. “Um minuto é uma diferença eterna para quem está na rua, precisando de atendimento. A moto veio para diminuir ainda mais o tempo de resposta e hoje é fundamental para o atendimento pré-hospitalar. Hoje a gente consegue chegar em no máximo seis ou sete minutos lá em Samambaia. Através desse tempo conseguimos fazer diferença na vida de muitos pacientes. Graças ao deputado Jorge Vianna hoje estamos bem equipados com moto de alta cilindrada, com freio ABS e com tração de velocidade. Os condutores precisam estar se aprimorando”, garantiu Antônio Carlos.
Índice de acidentes
Por sua vez, o diretor-geral em exercício do Detran-DF, Hugo Fernando Figueira, disse que os motociclistas ainda cometem muitas infrações. “Houve um aumento de 10% na frota apenas no último ano e hoje são cerca de 280 mil motociclistas no DF. Infelizmente, eles ainda são os recordistas de infrações de multas. Por outro lado, notamos que houve uma redução de 14% no número de sinistros fatais em 2023 comparado com o ano anterior [quando foram 288 mortes em acidentes de motos] e agora em 2024, mesmo com o aumento da frota, os dados de sinistros fatais estão estáveis. Isso é uma conquista”, declarou o diretor, reforçando que o órgão continua muito atuante na fiscalização e no incentivo à educação no trânsito. “O respeito à faixa de pedestre é um orgulho de Brasília”, exaltou Hugo.
Já o membro da diretoria de Fiscalização e Segurança de Trânsito do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal, Sinomar Ribeiro do Espírito Santo, destacou que o órgão percebe aumento grande em acidentes envolvendo motociclistas. “A gente não aplica uma multa porque quer. A gente está lá para prover a segurança viária. Hoje vemos um aumento muito grande no sinistro de trânsito envolvendo motociclistas e diversas vezes verificamos que houve imprudência ou do motociclista ou do condutor de veículo. Na rua você vai contar com a adversidade, vai passar um animal na frente ou sair um condutor de um acesso não regulamentado. É importante ter cuidado porque sua família está te esperando em casa”, recomendou Sinomar.
A superintendente da Polícia Rodoviária Federal no DF, Inspetora Adriana Mancilha Pivato registrou que é motociclista policial desde 2008. “Sempre andei de moto, mas realmente aprendi a pilotar depois que fiz o curso porque nos deixa com habilidades mais apuradas. Que este dia do motociclista sirva como lembrete da importância da prudência e da segurança nas nossas vidas e de todos que utilizam as vias”, postulou Adriana.
Por fim, o major Anderson Corrêa Carvalho, subcomandante do batalhão Rotam, que representou a instituição no evento, lembrou que há muitas vantagens de usar a moto no policiamento. “A gente costuma dizer que é uma das funções mais perigosas dentro da profissão mais perigosa. Na PMDF o motociclismo já tem 50 anos de aplicação, inclusive já trabalhamos com vertentes das mais chocantes como o Novo Cangaço, que estão circunvizinhas do DF”, afirmou o militar.
Durante a solenidade foram entregues moções de louvor a autoridades, motociclistas e motoclubes.