O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lança, nesta quarta-feira (5), a campanha Marcas da Enfermagem, contra a violência sofrida pelos profissionais. Com o lema “Toda marca conta uma história. E a Enfermagem não pode mais carregar essas sozinha”, a campanha nacional destaca a urgência de combater a violência contra enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes.
A ação transforma as marcas — físicas e emocionais — deixadas pela violência em símbolos de resistência e conscientização. Na linha de frente do atendimento, os profissionais de Enfermagem absorvem os impactos de falha na assistência e estão entre as principais vítimas de violência verbal, psicológica e física.
O objetivo é dar rosto, voz e emoção às vítimas, mobilizando a sociedade e o poder público pela aprovação do PL 6.749/2016, que prevê aumento das penas para crimes contra profissionais de saúde.
Como parte da campanha, o Cofen realizará ações especiais durante as partidas da 32ª rodada do Brasileirão, de 30 de novembro a 1º de dezembro, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Painéis de LED nos estádios exibirão um vídeo da campanha. Vídeo será veiculado pelos times, alcançando milhões de espectadores e torcedores em todo o país.
Dados apontam violência alarmante
Oito em cada 10 profissionais do Estado de São Paulo já sofreram algum tipo de violência no trabalho, segundo levantamento do Coren-SP, incluindo violência verbal, citada por 90% dos que relatam algum tipo de violência, psicológica (79%) e até física (21%). Na capital federal, pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) também indica alto risco de agressões. 61,7% relatam ter sofrido agressões verbais, 35,6% assédio moral, 15% violência física e 8,4% relataram assédio sexual. Apenas 15,2% dos que relatam violência física fizeram denúncias formais.
”A campanha Marcas da Enfermagem nasce para dar voz a esses profissionais, sensibilizar a sociedade e cobrar medidas concretas do poder público”, afirma Manoel Neri, presidente do Cofen. Entre as ações adotadas pelo Cofen estão a mobilização em apoio ao do PL 6.749/2016, a defesa de ações estruturantes para garantir o adequado dimensionamento profissional e o apoio aos profissionais vítimas de violência.
“Em caso de agressão física, o profissional de Enfermagem deve se dirigir à delegacia mais próxima para registrar um Boletim de Ocorrência (BO), além de reportar a sua chefia e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de seu estado. Para ameaças ou agressões verbais, o BO também pode ser feito online. Os Conselhos de Enfermagem também oferecem o serviço de desagravo público”, explica Manoel Neri.
Violência adoece
“É uma campanha de extrema relevância, pois as violências as quais os profissionais da Enfermagem estão expostas e sofrem possuem relação direta com processos de adoecimento mental”, avalia Anderson Funai, enfermeiro especialista em Saúde Mental, voluntário no Programa Enfermagem Solidária e representante do Cofen na Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde.
Revisão integrativa aponta o estresse como principal fator de risco para o adoecimento mental de profissionais da Enfermagem. “Um evento de violência produz um efeito cascata ou dominó no processo de adoecimento mental. O profissional de enfermagem e todos os demais da área da saúde sofrem violência iniciando o ciclo do que se observa em pessoas que desenvolvem o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Essa condição tem correlação direta com o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão”, explica Anderson Funai.
Fonte: Ascom/Cofen

