Em uma noite marcada por emoção e reconhecimento, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) realizou, na noite desta terça-feira (9), em Salvador, a cerimônia de entrega do Prêmio Anna Nery 2025. Ao todo, 34 profissionais foram homenageados, indicados pelos Conselhos Regionais de Enfermagem e pelo plenário do Cofen, em reconhecimento às suas contribuições à Enfermagem e à saúde no Brasil
O presidente do Cofen, Manoel Neri, ressaltou a importância da premiação como um momento de reconhecimento e valorização da Enfermagem. “Hoje é dia de homenagear aquelas e aqueles que se destacam na nossa comunidade, na nossa região, na rua, em cada canto do nosso país. Reconhecemos profissionais que se sobressaem na atuação assistencial, na pesquisa, na gestão, na educação e também nas lutas sociais que dão visibilidade à Enfermagem e fortalecem o sistema de saúde. Cada trajetória celebrada aqui representa um compromisso coletivo com a vida, com a dignidade humana e com a esperança de um futuro mais justo”.
Criada em 2012, a premiação é destinada aos profissionais que, com trajetórias de dedicação e inovação, trabalham pelo desenvolvimento da profissão. Neste ano, a solenidade ocorreu na capital baiana, que recebe ao longo da semana o 27º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF).
Entre os homenageados, esteve a enfermeira Eliane Sanches Henrique, Clara Opoxina, do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, em Roraima. Natural de Barbacena (MG), Clara se mudou para a Amazônia logo após concluir sua formação em Enfermagem e tornou-se uma das poucas profissionais a dominar o Yanomami, uma das seis línguas faladas na região.
Clara iniciou agradecendo o recebimento da homenagem e dedicando a conquista ao povo Yanomami. “Dedico este prêmio ao povo Yanomami, que carrego em meu coração e com quem compartilho minha vida e minha luta. Eu prezo a todos vocês e desejo mais solidariedade com o povo Yanomami, com o povo deste país e com tantas pessoas que sofrem diante do genocídio histórico em nosso território. Eles são para mim um exemplo de coragem e de força. Precisamos ser revolucionários na construção de uma sociedade justa, solidária e que respeite a vida. A verdadeira revolução é aquela que nos une como família humana, capaz de compartilhar recursos, talentos e esperanças. Precisamos correr riscos em nome dessa transformação, e é por isso que acredito que nossa luta é, acima de tudo, um ato de amor e de coragem”.
Neri exemplificou a força da categoria mencionando a história da enfermeira Clara Opoxina. “Esse reconhecimento nos lembra que a Enfermagem brasileira se constrói na diversidade de realidades e na força de pessoas que não se curvam diante das dificuldades. Assim como na trajetória de Clara, que dedica sua vida à saúde dos povos Yanomami e simboliza coragem e resistência, vemos o quanto esses profissionais inspiram nossa categoria a seguir avançando. Não é apenas a bravura que nos emociona, mas a capacidade de transformar a dor em cuidado, o desafio em superação e o cotidiano em um exemplo de paz e solidariedade. São eles e elas os verdadeiros heróis da nossa profissão e merecem todo o nosso reconhecimento”, destacou.
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA), Davi Apóstolo, evidenciou a importância de Salvador sediar a cerimônia. “É uma honra para a Bahia receber este momento tão especial. A Enfermagem baiana se sente representada e orgulhosa em sediar a celebração daqueles que fazem da profissão um instrumento de transformação social. Este prêmio reforça a força coletiva da nossa categoria e o quanto podemos avançar unidos”.
A noite também contou com uma homenagem especial ao general do Exército Brasileiro Marco Aurélio, reconhecido não apenas pelo profissionalismo e altruísmo, mas também pela postura de sensibilidade, respeito e apoio incondicional às causas da Enfermagem ao longo de sua trajetória. Seu nome foi lembrado como um símbolo de parceria e valorização da categoria na linha de frente do cuidado em saúde.
O general dedicou o prêmio à sua mãe, enfermeira, inspiração em sua vida pessoal e profissional. “Recebo esta homenagem com humildade e emoção, dedicando-a à minha mãe, que me ensinou o valor do cuidado, da compaixão e do respeito ao próximo. Tudo o que construí na minha trajetória carrego com base nos ensinamentos dela. É também a memória dela que me inspira a apoiar e reconhecer o papel essencial da Enfermagem, pois são profissionais que, assim como minha mãe em sua simplicidade, dedicam-se incansavelmente a cuidar da vida”.
A fala de Clara Opoxina ecoou como um chamado à responsabilidade coletiva e ao compromisso da Enfermagem com a defesa da vida em todas as suas dimensões. Assim, a noite foi marcada pela diversidade de trajetórias e pelo reconhecimento de histórias de dedicação e resistência, reafirmando o papel essencial da Enfermagem na construção de um país mais justo, saudável e humano.
Indicados pelos Conselhos Regionais de Enfermagem:
AC – Félix Araújo da Silva
AL – Uirassu Tupinambá Silva de Lima
AP – Dorinaldo Barbosa Malafaia
AM – Júlio Said Siqueira Cabus
BA – Lúcia Ester Duque Moliterno
CE – Érica Oliveira Matias
DF – Rinaldo de Souza Neves
ES – Basílio Antônio Neves Santos
GO – Gustavo Amoury Assunção
MA – Lucimary Santos Pinto
MG – Daniel Xavier da Silva
MS – Kristie Aparecida Lopes
MT – Mara Regina Rosa Ribeiro
PB – Raimundo de Jesus Picanço da Costa
PR – Samira Emanuele de Azevedo Luna
PE – Sara Priscila de Carvalho Treccossi
PI – Fernando Ramos Gonçalves
RJ – Dinar Maria da Conceição Santos
RN – Terezinha Lessa dos Santos
RS – Alanny Kalinny Marques da Silva
RO – Mara Geneci Macedo da Silveira
RR – Vivian Suzi de Assis Canizares
SP – Elbanizia Level da Costa Lima
SC – Maria Cristina Komatsu Braga Massarollo
SE – Denise Elvira Pires de Pires
TO – Gersilho Vieira Marques
Indicados pelo Plenário do Cofen:
Elizimara Ferreira Siqueira
João Farias da Trindade
Eliane Sanches Henrique
Euza Tieme Toyonaga Ortega
Artur Luis Teixeira Santiago
Wladimir Rodrigues Faustino
Fonte: Ascom/Cofen
