A audiência pública realizada nesta quarta-feira (26), no Auditório Francisco Gedda da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), reuniu o presidente do Cofen, Manoel Neri; a presidente do Coren-GO, Thais Luane Pereira; o primeiro-secretário do Coren-SP, Wagner Albino Batista; o deputado estadual Gustavo Sebba (PSDB), presidente da Comissão de Saúde da Alego; e a deputada federal e conselheira do Cofen, Ana Paula Brandão. Também estiveram presentes conselheiros federais, representantes de entidades, instituições de ensino e profissionais da área, em um debate sobre o avanço da violência contra trabalhadores da Enfermagem.
O encontro discutiu episódios recentes de agressões, intimidações e ameaças vivenciadas por profissionais em unidades de saúde, destacando impactos na segurança, nas condições de trabalho e na continuidade da assistência. Representantes do Sistema Cofen/Conselhos Regionais defenderam a necessidade de articulação entre gestores, parlamentares e órgãos de segurança pública para estruturar políticas permanentes de prevenção.
Durante os debates, foram apresentados dados e relatos que evidenciam o aumento dos casos e a ausência de mecanismos integrados de monitoramento. Ao analisar o cenário nacional, Manoel Neri destacou que o crescimento das agressões acompanha um processo mais amplo de violência social. “Esse crescimento das agressões contra profissionais de saúde faz parte de um aumento da intolerância e da violência na própria sociedade. E nós, como parte dessa sociedade, sentimos esse impacto nos ambientes de trabalho. O problema hoje da violência contra profissionais de Enfermagem é a invisibilidade. É como se isso não existisse aos olhos das autoridades responsáveis por formular as políticas de segurança pública e de saúde no país”, afirmou.
Ele acrescentou que as situações de violência incluem também assédio moral, assédio sexual e racismo, muitas vezes praticados por pessoas que ocupam posições hierárquicas nos serviços de saúde.
O deputado Gustavo Sebba defendeu a criação de um observatório estadual voltado ao acompanhamento dos casos. “Se tivermos um observatório integrado, poderemos produzir levantamentos mais precisos, padronizar o registro dos casos e elaborar relatórios periódicos que identifiquem áreas de maior risco. A partir desses dados, será possível construir políticas, protocolos e medidas de enfrentamento mais eficazes e acompanhar adequadamente as vítimas”, afirmou.
A deputada federal Ana Paula Brandão, conselheira do Cofen, ressaltou a importância de orientar os profissionais sobre a formalização das denúncias. “O desafio cotidiano é instruir o nosso povo, instruir os nossos profissionais para que, em casos de violência, eles não se acovardem, não se intimidem. Que denunciem, que busquem o conselho, o sindicato e as medidas necessárias para o enfrentamento da violência”, declarou.
Em sua participação, o primeiro-secretário do Coren-SP, Wagner Albino Batista, destacou que a violência contra profissionais de Enfermagem também expressa a persistência da violência de gênero no país. “A Enfermagem é uma categoria majoritariamente feminina. Portanto, a violência contra profissionais de Enfermagem também expõe a continuidade da violência de gênero que atravessa a nossa sociedade”, afirmou.
A presidente do Coren-GO, Thais Luane Pereira, reforçou o impacto da violência no cotidiano da categoria e defendeu a adoção de medidas concretas de proteção. Thais destacou que os profissionais só conseguirão relatar e enfrentar adequadamente as agressões quando houver mecanismos de segurança efetivos nos serviços de saúde.
Como encaminhamento, os participantes reforçaram que o enfrentamento do problema deve envolver diferentes esferas do poder público e instituições de saúde. Nesse contexto, a campanha Marcas da Enfermagem, iniciativa nacional do Cofen, visa dar visibilidade às cicatrizes físicas e emocionais deixadas pela violência contra enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes. Com ações de grande alcance — como a parceria inédita com a CBF — a campanha busca sensibilizar a sociedade, mobilizar autoridades e reforçar a defesa da categoria, transformando o tema em pauta pública e impulsionando avanços como a aprovação do PL 6.749/2016.
Fonte: Ascom/Cofen – Rodrigo Bauer


