O segundo dia do Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF) reuniu, no período da tarde desta terça-feira (9), uma série de sessões científicas que evidenciaram a força da profissão frente aos atuais desafios da saúde. Os debates contemplaram desde questões ligadas ao cuidado direto, como o planejamento sexual e reprodutivo e a assistência a adolescentes, jovens e idosos, até temas estruturais como a reforma obstétrica e a consolidação do Programa Brasil Saudável. Ao todo, foram 19 sessões cientificas que ressaltaram a proposta de dinamismo temático do evento.
Entre os destaques, a agenda tecnológica ganhou espaço com reflexões sobre teleconsultoria, cirurgia robótica, ambientes virtuais de aprendizagem e o impacto da digitalização do SUS nos serviços de Enfermagem. O uso de redes sociais e a relação com a ética profissional também foram discutidos, mostrando como a inserção de novas ferramentas exige constante atualização por parte dos profissionais.
“Precisamos ter um engajamento maior das organizações, sejam instituições privadas ou, no caso, a nossa autarquia, o sistema Cofen/Conselhos Regionais, que necessita entrar com muito mais força na perspectiva de criar um grande programa de educação permanente para a formação profissional. Do uso das redes sociais no nosso ambiente de trabalho e no nosso fazer cotidiano. Creio que isso é o central, o que ainda falta para nós, por isso que muitos profissionais não se arriscam e não investem mais nessa área”, avalia o palestrante Gelson de Albuquerque, membro da Comissão Nacional do Código de Ética Profissional.
A atuação do Sistema e a necessidade de um programa de educação continuada também entrou na discussão da sessão científica sobre “Tecnologia e Enfermagem: o futuro da Cirurgia Robótica e suas aplicações”. “Algumas áreas precisam de mais atenção quanto a constante qualificação. Uma dessas áreas é a robótica. Nossa legislação já garante a atuação do enfermeiro na área. O problema é que ela passa por atualizações constantes, então, enquanto Sistema, precisamos estar atentos a isso”, ressaltou o enfermeiro e palestrante Synésio Miranda, um dos membros da mesa.
Outra frente essencial tratou da valorização e da diversificação da carreira. Painéis sobre inovação, empreendedorismo, atuação em cooperativas e referências no mercado de trabalho apresentaram estratégias de protagonismo para enfermeiros, além de caminhos para fortalecer a autonomia da categoria em diferentes cenários de atuação. “Foram discussões maravilhosas. Nos ensinaram muito a ser protagonistas da nossa história. Agora, é colocar isso em prática”, comemorou a enfermeira Natália Oliveira, que acompanhou a mesa “Profissionais Inovadores, Carreiras Memoráveis: Enfermeiros como referências no mercado de trabalho”.
As questões sociais marcaram presença com intensidade. O letramento em diversidade sexual, racial e de gênero e as discussões sobre interseccionalidade trouxeram à tona a importância da Enfermagem no enfrentamento de desigualdades e na construção de um cuidado verdadeiramente inclusivo. Na mesma direção, a certificação da qualidade foi apresentada como um selo que traduz credibilidade e compromisso no atendimento à população.
Assim, o encontro mostrou que a força da Enfermagem está em sua capacidade de articular ciência, tecnologia e compromisso social. Da promoção da saúde em escolas à inovação em ambientes hospitalares de alta complexidade, os temas apresentados reforçaram a centralidade da profissão no presente e no futuro da saúde brasileira. “Durante toda a programação, procuramos levar em consideração o tema central do CBCENF, dentro das diversas áreas da Enfermagem. A gente trabalha a realidade da Enfermagem hoje, visando o futuro da profissão, associando, por exemplo, a inteligência artificial à assistência para melhorar a qualidade do serviço prestado para a população”, conclui a coordenadora da Comissão Científica, Tatiana Melo.
Fonte: Ascom/Cofen