Na luta contra o diabetes, o papel do enfermeiro é decisivo. O gerenciamento da doença evita complicações graves. Monitorar a glicose no sangue, adotar uma alimentação saudável, praticar atividade física regular, tomar medicamentos conforme a prescrição e manter acompanhamento regular é fundamental.
A Enfermagem atua diretamente na educação das pessoas com diabetes: ensina o descarte correto de agulhas, orienta sobre o uso de medicamentos como a insulina, cuida das feridas nos pés e realiza curativos, além de reforçar a importância de uma alimentação equilibrada e da prática regular de atividade física. Esse acompanhamento constante é essencial para evitar complicações graves e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Segundo estudos, a qualificação do enfermeiro no manejo do diabetes deve ser continuamente fortalecida, já que o profissional é um elemento-chave no atendimento direto aos usuários. Consultas de Enfermagem, ações educativas individuais e coletivas, incentivo à cessação do tabagismo e ao consumo de alimentos saudáveis, controle do uso de medicamentos e solicitação de exames de rotina estão entre as principais atribuições.
Na atenção primária, o enfermeiro é o elo entre o paciente, a família e o sistema de saúde. Ao considerar aspectos como limitações físicas, crenças, condições socioeconômicas e apoio familiar, o profissional contribui para um plano de autocuidado mais eficaz e humanizado.
Educar para acolher e acolher para cuidar
Para a enfermeira Ana Paula Franco, especialista e mestre em educação e saúde em diabetes, o acolhimento é o ponto de partida de todo o processo. Diagnosticada com diabetes tipo 1 aos cinco anos, ela transformou sua experiência pessoal em missão profissional. “Quando alguém recebe o diagnóstico, é natural sentir medo. O papel do enfermeiro é acolher, orientar e desmistificar. Há muita informação equivocada circulando, e nosso dever é trazer calma e clareza para o paciente e a família”, afirma.
Entre os principais sinais de alerta que o profissional deve observar, Ana Paula destaca a sede intensa (polidipsia), a fome excessiva (polifagia) e o aumento da frequência urinária (poliúria), sintomas característicos do diabetes tipo 1. “O diagnóstico tardio pode levar a quadros graves, inclusive ao óbito. Muitas vezes, pacientes com sintomas típicos voltam para casa com diagnóstico de virose ou gripe. É preciso estar atento: o diabetes não pode ser confundido com doenças comuns”, alerta.
A enfermeira também destaca a importância das ações educativas em grupo, adaptadas a diferentes faixas etárias. “Crianças, adolescentes e idosos têm demandas distintas. Atividades específicas, com apoio de nutricionistas, educadores físicos e psicólogos ajudam na aceitação e tornam o processo mais leve. O diabetes não precisa ser visto como um fardo, e sim como uma condição que pode ser controlada com qualidade de vida”, pontua.
Cuidado integral e políticas públicas
Para que o trabalho da enfermagem alcance todo o seu potencial, Ana Paula defende políticas públicas que ampliem a integração entre os setores de saúde, educação e assistência social, além do fortalecimento do financiamento para programas de promoção à saúde. “É preciso garantir o acesso a insumos e investir em uma gestão participativa. Mas também é fundamental que o cuidado seja individualizado. Não adianta impor mudanças de estilo de vida: é preciso construir acordos possíveis, metas alcançáveis. Só assim o tratamento será efetivo e sustentável.”
O enfermeiro, por estar mais próximo das pessoas e suas realidades, é quem traduz a ciência em cuidado cotidiano. A prevenção e o diagnóstico precoce do diabetes passam pelas mãos da enfermagem, que educam, acolhem e salvam vidas todos os dias.
Fonte: Ascom/Cofen- Nicole Borges



