Por Pedro Marra
O autônomo Jhonatan Lopes Gualberto Salgado, de 35 anos, sofreu um aneurisma cerebral e precisou ser internado no último sábado (10/6), no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Na manhã desta quarta-feira (14/6), ele não conseguiu passar por um procedimento que tinha sido indicado para o seu caso por falta de anestesista. Após pedir para ficar na unidade de terapia intensiva (UTI) sem sucesso, o homem conseguiu na Justiça o direito de ser transferido, mas a unidade até as 22h22 ainda não concedeu um leito.
Inicialmente, Jhonatan sentiu fortes dores de cabeça e deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia. Lá, ele foi diagnosticado com crise de ansiedade e permaneceu tomando soro na veia, mas a dor não passou. Segundo a sua irmã, Nara Salgado, 30, na madrugada de sexta-feira (9/6) para sábado os médicos solicitaram uma tomografia, realizada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).
Quando voltou à UPA, o médico que viu o resultado constatou a existência de algum problema no lado direito do cérebro do paciente. Mas como não era a especialidade dele, encaminhou Jhonatan para o Hospital de Base. Lá, passou por uma nova tomografia e uma angiotomografia, exame que mostra imagens detalhadas dos vasos sanguíneos. No HBDF, o resultado do laudo foi aneurisma cerebral.
No prontuário, a equipe médica prescreveu que ele precisava de uma transferência da semi-UTI para a UTI. Nara relatou que, nesse período, informaram que ele iria precisar fazer uma angiografia, procedimento no qual se coloca uma mola onde está vazando o sangue no cérebro, – e que, no caso do paciente, precisava ser feito com urgência. Nesse caso, não havia anestesista para realizar o trabalho, no último sábado.
Na conversa com os médicos, informaram que se ele tivesse outro aneurisma, poderia vir a óbito. “Um cirurgião do Base me informou que não iria passar informação porque às 19h um cirurgião neurovascular iria fazer a cirurgia. Passou uma hora do horário que esse profissional deveria conversar conosco e ele não apareceu. Uma enfermeira afirmou que o médico foi embora e dobrou a dosagem da medicação. Foi um desrespeito à humanidade”, desabafou Nara.
Por ser advogada, a irmã de Jhonatan entrou, no último domingo (11/6), com um pedido de liminar na Justiça e o juiz determinou que o hospital o encaminhasse a um leito de UTI neurológica da rede pública e ou da rede particular de saúde do Distrito Federal. Mas o hospital colocou o nome dele na lista de espera às 18h do dia seguinte.
“Ele tem tomado morfina a cada quatro horas, chora o tempo todo pedindo ‘pelo amor de Deus, me tira daqui! Eu vou morrer! Preciso operar’. Pede para vendermos tudo que a gente tem, contanto que não o deixemos morrer ali. Inclusive, estava num leito quebrado e só conseguiu trocar de leito hoje”, relatou Nara.
Nova liminar na Justiça
A irmã de Jhonatan entrou com uma outra liminar na Justiça do DF, nesta quarta-feira (14/6), pedindo a realização da angiografia, exame usado com raios-x para analisar mudanças nos vasos sanguíneos. O juiz determinou, por volta das 18h, que seja feito procedimento em um prazo máximo de 48 horas ou haverá o congelamento das contas públicas da Secretaria de Saúde do DF.
Nara contou que até descobriu um leito de UTI na rede particular, mas precisa de R$ 150 mil para dar entrada na internação e começar o tratamento. A família abriu uma vaquinha on-line (neste link) para arrecadar o valor enquanto não consegue realizar a cirurgia no hospital público.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde (SES) para se posicionar sobre o assunto, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.