Por Jade Abreu
A preferência do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) em alugar computadores em vez de comprar os materiais foi alvo de questionamento da Secretaria de Saúde. Em relatório produzido pela pasta sobre os gastos do instituto, a SES considera “pagamentos atípicos” e cobrou explicações ao instituto.
De acordo com os dados de despesas no Portal da Transparência, o IgesDF chegou a desembolsar aproximadamente R$ 10,8 milhões (R$ 10.863.949,49) com a locação dos equipamentos. O contrato foi estabelecido com a empresa Inforpartner e dá uma média de R$ 905 mil ao mês com os materiais.
“Faz-se necessária justificativa para a escolha de aluguel ao invés de compra desses equipamentos, por se tratar de valores altos de aluguel”, destacou o documento que avaliou a prestação de contas do 2º quadrimestre de 2022. O relatório pode ser visto neste link.
“Adicionalmente, solicitam-se esclarecimentos sobre a viabilidade econômica-financeira desse contrato, a fim de que seja apresentada causa para os valores pagos até o presente momento não terem sido utilizados na compra de bens a serem incorporados ao patrimônio da SES”. A Secretaria de Saúde informou em nota que o instituto não respondeu.
Atualmente, o Iges conta com 2.855 computadores, sendo 2.431 alugados e 424 adquiridos como patrimônio do instituto. Os equipamentos locados são do modelo Lenovo V530S. Em sites de venda na internet, o valor do computador varia de R$ 1,8 mil a R$ 2,9 mil. Considerando apenas o valor mais alto, a aquisição dos 2.431 materiais resultaria em R$ 7.049.900 – aproximadamente R$ 3 milhões a menos do que ao alugar os bens.
“Faz-se necessária justificativa para a escolha de aluguel ao invés de compra desses equipamentos, por se tratar de valores altos de aluguel”, destacou o documento que avaliou a prestação de contas do 2º quadrimestre de 2022. O relatório pode ser visto neste link.
No entanto, o termo aditivo do contrato considera cada computador por R$ 3.647,88. O contrato também prevê R$ 9.237.714,12 para o pagamento do material – um valor menor do que o que corresponde ao informado no total pelo Portal da Transparência.
Um estagiário do hospital, que preferiu não ser identificado, informou que o computador que ele tem acesso é antigo e prejudica o andamento do trabalho. “Tem um que trava toda hora. Para mexer no mouse é uma demora”, disse.
Uma profissional na área de saúde disse que não sabia que os computadores são alugados. “Nem entendo porque alugar, a gente em casa mesmo prefere comprar esse tipo de equipamento que é melhor do que ficar alugando”.
Outra funcionária do Iges disse que os computadores são iguais aos de outras instituições que já trabalhou. “Não há nada demais, são iguais a de outros hospitais privados e públicos que já tive contato”.
Na emergência do hospital, o esquema é por senhas automáticas. Ao chegar à unidade de saúde, uma pessoa da vigilância imprime o número da máquina e entrega para o paciente que vai passar pela triagem.
Uma paciente identificada como Arletina havia chegado por volta das 15h40 e já aguardava havia 1 hora na fila, que tinha 20 pessoas na frente dela. “A gente fica tanto tempo aqui esperando. Esse dinheiro podia ser usado para nos atender melhor”, disse.
Em 18 de março de 2023, entrou em vigência um novo contrato para o sistema de atendimentos. No valor de R$ 1.006.105,32 o Iges firmou acordo com a Jr-Partner Informatica, Locacao e Eventos LTDA. A empresa de Recife é do mesmo dono que a Inforpartner, também da capital pernambucana.
Outro lado
O Instituto promove seleções para realizar suas contratações de maneira pública.
A Secretaria de Saúde fez dois apontamentos ao Iges-DF, mas ainda não obteve resposta. No entanto, foi só uma observação pontual, nada de grande relevância para impactar no contrato. Vale ressaltar que quem é responsável pela gestão de seus recursos contratuais é o próprio Iges-DF e não a SES.