A Enfermagem busca ampliar sua presença nos espaços políticos, reconhecendo que pautas essenciais para a para a sociedade e para a profissão são tomadas no âmbito legislativo. A reivindicação da categoria é clara: é hora de falar abertamente sobre política e ocupar os espaços de poder.
Com esse propósito, o encontro “Enfermagem no Parlamento: avanços, desafios e estratégias para fortalecer a representação política da profissão” reuniu profissionais da área, parlamentares municipais,estaduais e federais, representantes de conselhos de classe e lideranças sindicais. A sessão científica foi coordenada pelo conselheiro federal Antonio Neto e conduzido pela enfermeira Fábia Richter, que destacou a urgência da mobilização política da categoria.
“Possuir representantes dos estados como os deputados estaduais é fundamental. Mas o que realmente pode transformar a vida da Enfermagem é a representação no Congresso Nacional. É onde são tomadas decisões importantes como o piso salarial, a PEC 19 e tantas outras pautas que nos afetam diretamente”, afirmou Fábia.
Apesar de somar mais de três milhões de profissionais em todo o país, a Enfermagem conta atualmente com apenas cinco representantes na Câmara dos Deputados, composta por 513 parlamentares — número considerado insuficiente pelos participantes do encontro.

A conselheira e deputada federal Ana Paula Brandão reforçou que a valorização da profissão depende da conscientização política da categoria: “Não vamos avançar em projetos como a PEC 19 enquanto a classe não entender que todas as decisões passam primeiro pela política. Precisamos ocupar os espaços de poder”, reforça.
Lilian Behring, deputada estadual e presidente do Conselho Regional de Rio de Janeiro (Coren-RJ), destacou a importância da liberdade de expressão nos espaços legislativos e da politização da Enfermagem: “Representamos milhões de brasileiros. Se não há um milhão de pessoas acompanhando esse debate, é sinal de que ainda falta consciência política até mesmo dentro da própria profissão.”
A deputada federal Enfermeira Rejane, do Rio de Janeiro, lembrou que a profissão é composta majoritariamente por mulheres negras da periferia, e que a presença no parlamento é essencial para defender tanto os profissionais quanto a população: “Precisamos estar no parlamento para lutar por moradia, transporte, segurança e, claro, pelo serviço público e por melhores condições para os profissionais que fazem a diferença na Saúde”, afirmou.
Davi Apóstolo, presidente do Conselho Regional da Bahia (Coren-BA), alertou para a urgência de se investir na valorização da Enfermagem: “A sociedade precisa entender que investir no piso salarial é investir na qualidade da assistência à população. Hoje, somos a categoria com maior número de afastamentos por doenças mentais. É urgente mostrar essa realidade ao país”.
O encontro terminou com um chamado à união da classe: “Nossa profissão precisa parar de se dividir e buscar um objetivo coletivo. O projeto é coletivo, não é pessoal”, concluiu Davi.
Fonte: Ascom/Cofen