A chegada do outono e do inverno nos meses de março a junho ocasiona a propagação de vírus que causam doenças respiratórias, majoritariamente, entre as crianças – em especial naquelas de até dois anos de idade, cujo sistema imunológico não é tão fortalecido.
Só em 2023, já foram mais de 67 mil atendimentos realizados em crianças e jovens até 14 anos nas emergências hospitalares e nas unidades de pronto atendimento (UPAs) da capital. A maior parte dos casos estão relacionados a sintomas de viroses respiratórias causadas pelos vírus sincicial respiratório (VSR), rinovírus humano (RVH) e influenza.
Com a alta demanda, a Secretaria de Saúde (SES) organiza uma força-tarefa para otimizar e qualificar seus serviços de cuidado crítico infantil nas regiões.
A rede pública de saúde conta com 91 leitos de UTI pediátrica e 221 leitos de enfermaria pediátrica, todos equipados e com equipes especializadas de alta performance, compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas, além do suporte nutricional, psicológico e de serviço social
A pasta abriu cinco leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), dez no Hospital da Criança de Brasília (HCB), cinco no Instituto Hospital de Base (IHBDF) e mais dois no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Na esteira, a SES criou 14 novos leitos de enfermaria pediátrica no Hmib, quatro (após revitalização do espaço) no Hospital da Região Leste, (HRL, no Paranoá), três no Hospital Regional de Brazlândia (HRBz) e dois no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), que ainda prevê a abertura de mais nove leitos de enfermaria pediátrica, em fase de adequação. Também há previsão de abertura de leitos no HRL e no Hospital Regional de Sobradinho (HRS).
Atualmente, são 91 leitos de UTI pediátrica e 221 leitos de enfermaria pediátrica disponíveis na rede pública de saúde – todos equipados e com equipes especializadas de alta performance, compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas, além do suporte nutricional, psicológico e de serviço social.
A SES também atua para a recomposição da força de trabalho. Ainda em fevereiro, as equipes foram ampliadas, após nomeação de novos servidores em diversas especialidades, como pediatria, radiologia, enfermagem, farmácia, cirurgia pediátrica, neonatologia e médicos de família. Os profissionais foram distribuídos de acordo com a demanda de cada região de saúde, e o HRL, Hmib, HRT, HRS e o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foram algumas das instituições contempladas com o reforço.
“As unidades básicas de saúde são a porta de entrada do SUS. Significa dizer que esses locais atuam como um filtro, organizando todo o fluxo de serviço na rede de saúde”Julliana Macêdo, referência técnica distrital de pediatria
Atendimento nas UBSs
O cuidado começa na Atenção Primária à Saúde (APS). Cerca de 700 enfermeiros e médicos que atendem nas unidades básicas de saúde (UBSs) participaram de oficinas de capacitação. O objetivo é prepará-los para o atendimento integrado aos sintomas das doenças respiratórias sazonais.
A fim de evitar o acúmulo de pacientes nas emergências, a orientação é que aqueles com sintomas de baixa gravidade procurem a rede de 175 UBSs. Pessoas com mal-estar, coriza, diarreia, tosse, febre, recusa alimentar e dores (ouvido, cabeça, garganta ou barriga) podem ser tratadas pelas equipes das unidades básicas.
“A atenção primária tem a capacidade de absorver esses pacientes com gravidade menor”, afirma o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Luciano Agrizzi.
Em cada UBS, médicos ou enfermeiros fazem o acolhimento e a triagem dos pacientes, conforme o nível de gravidade. “Eles são profissionais qualificados para prestar esse tipo de assistência, seguindo os normativos que se tem para atendimento na atenção primária, tanto do Ministério da Saúde quanto da Secretaria de Saúde”, garante Agrizzi.
A partir do atendimento inicial na UBS, os casos mais complexos são encaminhados às unidades especializadas, como hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e policlínicas. Isso vale tanto para bebês quanto para crianças, adolescentes, adultos e idosos.
“As unidades básicas de saúde são a porta de entrada do SUS. Significa dizer que esses locais atuam como um filtro, organizando todo o fluxo de serviço na rede de saúde”, acrescenta a médica Julliana Macêdo, referência técnica distrital de pediatria.
As unidades funcionam, em geral, das 7h às 17h, e algumas têm horário ampliado até as 22h. A lista de endereços pode ser consultada no site InfoSaúde.
Rede de saúde
Além das ações realizadas para reforçar o atendimento às crianças, o DF já iniciou o período de sazonalidade com as 175 UBSs que têm como foco os casos de baixa complexidade, as 19 policlínicas para onde são encaminhadas as crianças com necessidade de acompanhamento ambulatorial, as 13 UPAs e os nove hospitais gerais com serviço de urgência e emergência: Hmib, Hospital Regional do Guará (HRGu), HRT, HRBz, HRC, HRS, Hospital Regional de Planaltina (HRPl), HRL e Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).
A rede conta ainda com o Hospital da Criança de Brasília José de Alencar, que atua como unidade de alta complexidade. Nessa unidade, não há porta de emergência, mas um acolhimento de crianças transferidas de outras unidades. É o mesmo caso do Hospital Universitário de Brasília (HUB), que também não tem serviço emergencial, porém disponibiliza leitos de retaguarda para a rede de atendimento.