Pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) construiu um infográfico animado para qualificação de agentes promotores de saúde, pessoas privadas de liberdade que atuam como promotores de saúde no sistema prisional, na capital de Rondônia. A ferramenta permite facilitar o aprendizado e a retenção de conhecimento por parte desses agentes, tendo por objetivo ser um apoio à qualificação na temática de tuberculose.
No âmbito do Plano Nacional de Saúde no Sistema Prisional (PNAISP), os presos podem atuar como agentes promotores de saúde. Esses agentes são selecionados entre a população carcerária, atuam sob a supervisão de uma equipe mínima de saúde profissional (composta por médico, enfermeiro, etc.) e recebem benefícios como auxílio financeiro e, para alguns, remição de pena por seu trabalho.

A mestra em Enfermagem, Katiane Maia, explica que o infográfico contemplou informações sobre o conceito inicial, transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento da tuberculose. A busca inicial nas bases de dados resultou em 1.771 estudos e a tuberculose foi identificada como a doença mais prevalente. Os achados destacaram a relação entre as condições de vida no sistema prisional com a alta incidência de doenças infectocontagiosas.
“A ferramenta reforça a importância do papel dos profissionais de saúde no ambiente prisional, assim como a necessidade de se qualificar agentes promotores de saúde no sistema prisional em relação a doenças infectocontagiosas, de modo a abranger uma série de conteúdos específicos e aplicáveis para essa população”, ressalta.
Desafios enfrentados pelas pessoas privadas de liberdade
Até 2020, o Brasil contava com mais de 750 mil pessoas privadas de liberdade, possuindo a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Mais da metade desses indivíduos estava sob custódia provisória, aguardando julgamento. As condições de vida e os desafios como a falta de acesso à água para higiene pessoal e limpeza, distribuição de itens básicos de higiene, suporte médico e alimentação nutricional afetam diretamente o bem-estar físico e mental dessas pessoas.
O Boletim Epidemiológico da Tuberculose, lançado em março de 2024, atualiza o panorama da doença no país. O documento fornece dados detalhados sobre a tuberculose em níveis nacional, regional e estadual, e descreve as ações do governo brasileiro para a eliminação da doença. Em 2023, o boletim registrou 80.012 casos novos de tuberculose, dos quais 7.240 foram diagnosticados em pessoas privadas de liberdade.
Katiane Maia ressalta que a integração das práticas de saúde junto ao conhecimento dentro do sistema prisional, alinhada às políticas públicas de saúde, é essencial para garantir a eficácia das intervenções e melhorar a qualidade da saúde dos encarcerados.
Fonte: Ascom/Cofen – Mariana Abuchain