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Quinta-feira, Setembro 25, 2025
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Talita Pavarini: ciência e empatia na Enfermagem forense

Talita Pavarin integra Câmara Técnica de Saúde do Neonato e da Criança do Cofen

A Enfermagem forense vem recebendo atenção crescente no Brasil e no mundo pelo seu papel crucial no combate à violência contra a mulher. Uma revisão bibliográfica de 2024 mostra que esses profissionais são fundamentais na identificação precoce de sinais de violência doméstica, atendimento clínico, coleta de evidências e apoio psicossocial às vítimas, contribuindo diretamente para sua segurança e encaminhamento à justiça.

A Talita Pavarini, doutora em Enfermagem, líder em práticas integrativas e especialista em aromaterapia, ressalta que “o enfermeiro forense é uma ponte vital entre o cuidado sensível da saúde e a exigência rigorosa da justiça. Ele acolhe a mulher, observa com técnica e apresenta evidências com responsabilidade”. Ela destaca que essa atuação exige preparo técnico, empatia e ética, indispensáveis para garantir que a vítima seja ouvida, cuidada e protegida.

A Enfermagem forense combina saberes clínicos com práticas periciais, capacitando profissionais para identificar sinais ocultos de violência, hematomas, lesões e indícios de coerção, registrando-os como evidência legal. A atuação inclui exame físico detalhado, documentação cuidadosa, preservação de vestígios, elaboração de relatórios e comunicação segura com autoridades competentes. “Esse profissional deve combinar sensibilidade e precisão: cuidar do corpo e do espírito da vítima, e ao mesmo tempo montar o quebra-cabeça técnico que pode levar à responsabilização do agressor”, reforça Talita.

O acolhimento emocional é tão vital quanto o registro técnico. Modelos internacionais de cuidado informados pelo trauma reconhecem que reduzir a ansiedade e o estresse da vítima melhora tanto a qualidade do relato quanto a preservação de sua dignidade. Nesse contexto, práticas integrativas, como a aromaterapia, surgem como importantes aliadas. Óleos essenciais de lavanda, camomila e bergamota podem ser usados em difusores ambientais ou inaladores pessoais, criando um ambiente mais seguro e acolhedor durante o atendimento, promovendo calma e confiança.

Segundo Talita, a integração entre enfermagem forense e aromaterapia amplia o impacto do atendimento. “O momento em que a mulher relata uma violência é um dos mais difíceis da sua vida. O simples ato de oferecer um ambiente com óleos de efeito calmante pode ajudar a diminuir a sensação de medo e vulnerabilidade, dando a ela mais condições de falar e se sentir amparada”, explica.

No Brasil, a Aromaterapia está inserida no Ministério da Saúde desde 2018 e a Enfermagem tem sua atuação garantida por meio de diversas resoluções com destaque para a Resolução COFEN nº739/2024. Mas ainda enfrenta lacunas na formação de profissionais. Pesquisas apontam que, embora muitos enfermeiros reconheçam a importância dessa prática, poucos aplicam protocolos completos regularmente, seja por falta de treinamento ou pela ausência de integração com o sistema jurídico. Talita avalia que investir em capacitação e protocolos que unam rigor técnico a estratégias integrativas pode transformar esse cenário. “Precisamos oferecer ao mesmo tempo ciência, acolhimento e sensibilidade. É assim que a enfermagem forense se fortalece como ferramenta de proteção e justiça”, afirma.

 A aromaterapia também pode ser incorporada ao cuidado continuado após o primeiro atendimento. Óleos que promovem melhor qualidade de sono, redução da ansiedade e sensação de estabilidade emocional podem ser aliados para mulheres em processos longos de denúncia e acompanhamento psicológico. “A violência não termina no momento da denúncia. O caminho até a justiça pode ser doloroso e prolongado. Ter ferramentas seguras e acessíveis, como a aromaterapia, é uma forma de devolver autonomia e conforto a essas mulheres”, conclui.

É essencial reforçar a formação profissional contínua e a inclusão do tema na grade curricular de enfermagem. Um estudo com enfermeiras de emergência revelou uma lacuna: embora reconheçam a importância da atuação forense, exercem com muito menos frequência práticas essenciais, como coleta de provas ou encaminhamento judicial.

Ao unir rigor científico, compromisso ético e práticas de acolhimento sensorial, a enfermagem forense se posiciona como um alicerce fundamental na luta contra a violência de gênero. É um campo em que ciência, saúde e práticas integrativas caminham juntas para que nenhuma mulher se sinta sozinha diante da violência.
 

Fonte: Istoé

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