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Após 25 anos, ex-presidente do Cofen é condenado por assassinato de casal de enfermeiros

Por Kleber Karpov

Entidades ligadas a Enfermagem comemoraram o desfecho da condenação do ex-presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) Gilberto Linhares Texieira, a 26 anos de prisão em regime fechado.  O ex-conselheiro foi autor do assassinato do casal de  enfermeiros Edma Rodrigues Valadão e Marcos Otávio Valadão, em 1999.

Então presidenta do Sindicato de Enfermeiros do Rio de Janeiro, Edma Rodrigues, à época, denunciou, juntamente com o marido, práticas de crimes cometidos por Teixeira, à época, a frente do Cofen. Denúncias essas que acabaram, em retaliação e resultaram no assassinato do casal, em 20 de setembro de 1999, alvejados com tiros a queima roupa, na Avenida Marechal Rondon (RJ).

Em reportagem da Folha, à época, apontava o presidente do Sindicato dos Médicos do Município do Rio, Jorge Darze, disse que Edna Rodrigues e Marcos Valadão “estavam dentro de um carro a caminho do trabalho, quando foram fuzilados por quatro homens em duas motos, por volta das 9h30”.

Reportagem sobre o assassinato do casal  – Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2109199920.htm

Não foi em vão

Embora o casal tenha sido assassinado, as denúncias repercutiram na deflagração da Operação Predador, da Polícia Federal  e consequentemente, na prisão, em 2005, do conselheiro e outros 17 dirigentes nacionais e estaduais, acusados de formação de quadrilha, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, desvio de aproximadamente R$ 50 milhões. Os acusados cumpriram pena de cinco anos pelos crimes cometidos.

Virada de página

A direção do Cofen, por meio de Nota Oficial publicada na quinta-feira (18/Abr), comemorou a decisão do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, ainda que após 25 anos do assassinato do casal. “Diante do desfecho do caso, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e os Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren se unem aos familiares, amigas e amigos das vítimas, na expectativa de que a pena seja cumprida e, assim, essa página triste da história da Enfermagem seja virada.”.

O Cofen no entanto atribui, ‘in memoriam’, que o trágico desfecho com o assassinato de Edma Rodrigues e de Valadão, acabaram por banir a “profissão das páginas policiais”, além de tornar o Conselho, em uma referência.

“Em memória de Edma e Marcos, é importante registrar: “a morte de vocês inaugurou um novo tempo para a Enfermagem brasileira, em perspectiva de uma genuína revolução profissional, alavancou o banimento da profissão das páginas policiais e elevou Autarquia à posição de referência que ocupa hoje”.

“Tristemente, a vida dos companheiros Edma e Marcos não teremos de volta. Contudo, a elucidação do crime e a condenação do autor permitirão às vítimas descansarem em paz e às famílias terem mais conforto. A Enfermagem os abraça pelos serviços prestados.”, conclui o Cofen em Nota.

Perseguições

A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn Nacional) fez um resgate histórico e lembrou as perseguições, ameaças e processos judiciais contra o casal e diretores da ABEn-RJ e do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro (SindEnf-RJ), casos esses denunciados por Marcos Valadão, durante uma conferência da categoria.

“Na conferência, Marcos Valadão fez um discurso no qual denunciou perseguições, processos e ameaças que o casal e as diretorias da ABEn-RJ e do sindicato vinham sofrendo por parte de dirigentes do Cofen e do Coren-RJ. Marcos disse ainda que sabia que corria risco de vida, mas que não iria recuar e pediu providência às autoridades fluminenses.”, pontuou a ABEn Nacional.

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