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Após posses, eleições de presidentes da Câmara e Senado impõem novas derrotas a bolsonaristas

Por Kleber Karpov

Nesta quarta-feira (1º/Fev), a Camara dos Deputados e o Senado Federal deram posse aos 513 deputados e 81 senadores da República, eleitos no processo eletivo de 2022. As duas casas também elegeram Arthur Lira (PP/AL) e Rodrigo Pacheco (PSD/MG), respectivamente, presidêntes das duas casas legislativas.

Arthur Lira

Em uma votação recorde, Lira foi reconduzido a presidência da Câmara, com maioria esmagadora. Ao todo o deputado alagoano obteve 464 votos, equivalente a 90% da composição da Casa. O parlamentar contou com apoio de 20 partidos: PT, PCdoB, PV PL, União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, PSDB, Cidadania, Podemos, PSC, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, Pros, Patriota e PTB.

Eleito, Lira afirmou que pretende buscar a construção de uma relação com o Poder Executivo, sem relação de subordinação mas, um pacto para aprimorar e avançar nas políticas públicas, por meio de escuta das demandas do Executivo e da sociedade, com apresentação de sugestões.

Com a composição da Câmara, em maioria, oposicionista, enquanto presidente da Câmara, Lira ponderou que embora hajam adversários no parlamento, a inimizade não deve ser prato da casa. “Podemos ter adversários, mas não somos inimigos uns dos outros. Essa vai ser a tônica da Câmara nos próximos anos”.

Disputaram ainda, o deputado federal, Chico Alencar (PSOL-RJ) recebeu 21 votos (0,04%) e o deputado bolsonarista, Marcel Van Hatten (Novo-RS) com 19 votos (0,03%). A votação contou também com cinco votos em branco (0,01%).

Rodrigo Pacheco

No Senado, uma vitória menos folgada, também reconduziu Rodrigo Pacheco à presidência da Casa, ao derrotar por 49 votos, equivalente a 60%, contra 32 (40%), o que levou a derrota do senador bolsonarista, Rogério Marinho (PL-RN). Outro que chegou a disputar a presidência do SF foi Eduardo Girão (Podemos-CE), que retirou candidatura para fortalecer Marinho.

Pacheco contou com apoio da maioria dos partidos da Casa, inclusive o PT, MDB além da própria legenda PSD, duas das maiores bancadas.

Pós-recondução à presidência, Pacheco condenou os ataques a democracia e os classificou de “polarização tóxica”, responsável por resultar nos atos terroristas na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. Acontecimentos que para o senador, “não podem e não vão se repetir”.

“Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente, precisam reconhecer com absoluta sobriedade quando derrotados e precisam respeitar a autoridade das instituições públicas. Só há ordem se assim o fizerem. Só há patriotismo se assim o fizerem. Só há humanidade se assim o fizerem”, disse presidente reeleito. Em seguida, Pacheco atribuiu à classe política a responsabilidade de combater práticas antidemocráticas.

“O discurso de ódio, o discurso mentiroso, o discurso golpista deve ser desestimulado, desmentido e combatido. Lideranças políticas que possuem compromisso com o Brasil sabem disso. Lideranças políticas que possuem compromisso com o futuro do Brasil não podem se omitir nesse momento”, disse. “E o recado que o Senado Federal dá ao Brasil agora é que manteremos a defesa intransigente da democracia”.

Democracia

Em momento histórico do país, após dois meses marcados por atos terroristas e tentativa de golpe de estado, as eleições de Lira e Pacheco escreve novos capítulos, históricos, que ratificam a manutenção da democracia e do Estado Democrático de Direito, com as duas derrotas seguidas do bolsonarismo.

Sobre esse prisma, Lira e Pacheco sinalizam respeitar divergências ideológicas e partidárias, porém, sem aturar extremismos, por parte do parlamento.

Governabilidade

Embora muitos considerem ‘um tiro no escuro’, o apoio do PT, em especial a Lira, fiel escudeiro do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL/RJ), a manutenção as presidências das duas Casas legislativas representam, também, um mínimo de governabilidade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT/SP).

Importante se ponderar que a nova composição do Congresso, para os próximos quatro anos, se fortaleceram as bancadas da bala, ruralistas, evangélicas e militares, em que as casas estão, majoritariamente, conservador e liberal.

Um exemplo, foi o crescimento do PL, legenda partidária do ex-presidente, por contar com o maior número de senadores e de deputados federais eleitos. Partido esse em que, alguns parlamentares sinalizam, claramente, a pouca ou nenhuma disposição de usar do bom senso para votar e apreciar pautas importantes para a população brasileira.

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