A persistência e o agravamento da violência ocupacional na Enfermagem têm sido comprovados por diferentes estudos nacionais. Levantamento realizado em hospital público e divulgado pela Revista Brasileira de Medicina do Trabalho apontou que 88,9% dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem entrevistados já sofreram algum tipo de agressão no ambiente laboral, sendo o abuso verbal (38%), o assédio moral (25,4%) e a violência física (11%) os registros mais frequentes. A pesquisa também revela que a maioria dos episódios poderia ter sido evitada, evidenciando falhas institucionais na prevenção e na resposta a essas ocorrências.
Diante desse cenário, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) participa, nesta quarta-feira (26), às 14h, de audiência pública no Auditório Francisco Gedda, da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), que a discutirá o avanço da violência contra profissionais da categoria. A iniciativa, proposta pela Comissão de Saúde da Alego e articulada pelo Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO), reunirá presidentes de Conselhos Regionais, conselheiros, entidades representativas, instituições de ensino e profissionais da área.
Para o presidente do Cofen, Manoel Neri, espaços de debate como este são fundamentais para impulsionar a construção de políticas integradas capazes de enfrentar a violência, proteger os profissionais e fortalecer a qualidade da assistência prestada à população. “A presença de lideranças regionais e nacionais reforça o compromisso do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem com a defesa da categoria e com a promoção de ambientes de trabalho seguros”.
Além de diagnosticar o problema, a literatura científica também aponta seus impactos. Uma revisão sistemática publicada em 2024 pela Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade demonstra que a violência ocupacional tem efeitos diretos na saúde mental dos profissionais, contribuindo para o aumento de afastamentos, sofrimento psíquico, ansiedade, depressão e quadros de esgotamento. Os danos ultrapassam a esfera individual e repercutem no funcionamento das equipes e na qualidade do cuidado ofertado à população.
O Cofen defende a adoção de protocolos formais de proteção, campanhas educativas permanentes e a criação de um Observatório Nacional de Violência, destinado a consolidar dados, orientar ações e subsidiar políticas públicas. Também integra as propostas do Conselho a articulação com órgãos de segurança pública para atuação conjunta e respostas mais ágeis às ocorrências. Entre as iniciativas mais recentes está a campanha Marcas da Enfermagem, voltada ao enfrentamento da violência sofrida pelos profissionais e embasada no lema: “Toda marca conta uma história.”
Fonte: Ascom/Cofen – Sarah Silva


