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Sexta-feira, Outubro 10, 2025
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Censo escancara desigualdades: Mulheres estudam mais e ganham menos no Brasil

O Censo 2022, divulgado ontem, 9/10, traz dados alarmantes. Há um abismo salarial entre homens e mulheres, apesar da alta escolaridade feminina. O Brasil tem muito mais mulheres (28,75%) com curso superior do que homens (17,3%). O rendimento mensal das mulheres, porém, é 37,5% menor.

A disparidade de gênero é ainda maior entre profissionais com nível universitário e persiste mesmo quando atuam na mesma área. Na Enfermagem, profissão majoritariamente feminina (85%), a desigualdade se mantém.

O Relógio dos Privilégios calculou o tempo necessário para alcançar os mesmos resultados salariais. A análise de 9.423.711 registros, que resultou em artigo publicado na revista Enfermagem em Foco comprovou: as mulheres negras são o grupo em maior desvantagem salarial na Enfermagem.

Raça e gênero afetam a remuneração nas equipes de Enfermagem

Para obter o mesmo rendimento de 30h trabalho de uma mulher negra, homens brancos precisariam trabalhar 23h18. Mulheres brancas precisariam trabalhar 24h40 e homens negros 27h44. O estudo integra a pesquisa “Demografia e Mercado de Trabalho da Enfermagem”, conduzida pela UERJ, em parceria com a UFMG e o Cofen, em carta-acordo do Ministério da Saúde com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS).

“A maternidade ajuda a explicar o fenômeno, já que produz interrupções de carreira e mudança nas jornadas, tanto de trabalho quanto nas horas dedicadas ao cuidado, mas não esgota a questão. Estudos realizados com profissionais de saúde demonstram que o fenômeno “gender pay gap” ( “hiato salarial de gênero”) persiste mesmo quando se controla a composição ocupacional dos trabalhadores”, avalia o enfermeiro Ricardo Mattos (UERJ), autor principal do Relógio dos Privilégios.

Brasileiras têm escolaridade muito maior que os homens, mas o salário é menor

Desvalorização profissional do cuidado

“As profissões que envolvem o cuidado têm essas disparidades acentuadas porque combinam dois fatores: a composição majoritariamente feminina, associada à menores salários, e a histórica relação de baixa precificação do cuidado. Em certa medida, o cuidado foi sendo associado à abnegação e, ainda que eu defenda que saúde não é mercadoria, a produção do cuidado exige formação exigente, dedicação e, consequentemente, remunerações dignas”, comenta Ricardo.

“O Relógio dos Privilégios, além de demonstrar essa relação entre a desvalorização das mulheres no mercado de trabalho de enfermagem ainda adiciona a produção social sobre corpos racializados e, consequentemente, corpos que acabam sendo considerados como menos dignos de direitos”, conclui. Mais da metade (53%) dos profissionais de Enfermagem são negros (pretos ou pardas), segundo dados da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil (Cofen/Fiocruz). 

Piso Salarial pode reduzir desigualdades

O Relógio dos Privilégios vai investigar os efeitos do Piso Salarial sobre as desigualdades salariais na Enfermagem brasileira. “Queremos avaliar o comportamento dos rendimentos médios no período pós-piso”, antecipa Ricardo Mattos. 

 “O Piso Salarial é uma conquista histórica e contribui para reduzir as desigualdades salarias de gênero e raça, numa profissão majoritariamente feminina e marcada pela forte presença de pessoas negras. Nossa luta pela correção inflacionária e aplicação à jornada de 30h é fundamental para a redução das inequidades”, afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri.

 

 

Fonte: Ascom/Cofen – Clara Fagundes

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