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Falta de anestesistas preocupa secretária de saúde do DF que pede por modelo de contratação alternativo

Para Sociedade de Anestesiologia do DF, contratação de iniciativa privada resolve parte dos problemas. Porém, interesse de anestesistas passa análise de condições de trabalho

Por Kleber Karpov

Em entrevista ao Metrópoles, na terça-feira (09/Mai)(Veja Aqui), a secretária de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Lucilene Florêncio, apontou a preocupação com a falta de anestesistas na rede pública. Segundo a gestora, a falta de interesse de anestesistas, em atuar em hospitais públicos, o DF pode ficar sem esses profissionais, em no máximo cinco anos.

De acordo com Lucilene Florêncio, apenas entre março e maio desse ano, os hospitais públicos perderam 26 profissionais, equivalente a 15,5% do efetivo, com redução de 180 para 154 anestesistas em atividade. E, com as aposentadorias dos especialistas, a ocorrerem nos próximos anos podem deixar a rede sem a cobertura desses profissionais.

Lucilene Florêncio, Secretária de Saúde do DF aponta preocupação com falta de anestesistas na rede pública de saúde – Foto: Matheus Veloso / Metrópoles

“Temos uma quantidade de mão de obra que tem uma previsão de estar atuando. Daqui 4 ou 5 anos, esses anestesistas estarão completando 30 anos de serviço e vão se aposentar. E não conseguimos contratar novos. Vai chegar uma hora que vai faltar anestesista inclusive para as emergências.”, disse Lucilene Florêncio.

O Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), aponte que o DF conta com 678 anestesiologistas, desses, 270 a atuarem na rede pública de Saúde. Porém, a secretária pondera a impossibilidade de se contar com tal efetivo. “E é preciso lembrar que temos 270 cadastrados [anestesistas] como servidores da secretaria, mas não quer dizer que eu tenho 270 profissionais na escala todo dia.”.

Situação preocupante

Questionado pelo Política Distrital (PD), a Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal (SADIF) a notícia foi recebida com preocupação. Isso porque, “falta desses profissionais pode ocasionar a suspensão de vários procedimentos cirúrgicos e diagnósticos, que são  indispensáveis para a população.”.

Baixos salários

PD perguntou sobre a diferença salarial entre as redes pública e privada, além das causas do desinteresse dos anestesiologistas, em relação a atuar no sistema público de Saúde. Segundo a SADIF, os salários têm um peso relevante. A entidade, contextualizou a diferença ao referenciar os pagos por parte do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGESDF), se comparado à SES-DF. Ou seja, dois cenários distintos praticados dentro do próprio ambiente público, ainda que por modelos distintos de contratação. “O IGESDF paga quase o dobro para o anestesiologista de suas unidades que o GDF paga ao anestesiologista da SESDF.”.

Falta… de Interesse

No entanto, de acordo com a SADIF, outros fatores também são levados em consideração, a exemplo da falta de estrutura e das condições de trabalho. Em especial, da falta de manutenção preventiva adequada, de equipamentos, insumos e leitos, para o bom funcionamento dos centros cirúrgicos.

Em muitos Hospitais Públicos, os aparelhos de anestesia funcionam inadequadamente ou quebram com frequência. Há falta de bombas de infusão, de ultrassonografia, agulhas adequadas e outros insumos. Importante considerar também a falta de leitos na UTI, uma vez que muitos pacientes cirúrgicos necessitam ser transferidos a essas unidades, o que faz com que os cuidados sejam executados no Centro Cirúrgico, que é um lugar sem a estrutura  adequada para esse fim.” apontou a SADIF.

Um antigo fantasma

A preocupação de Lucilene Florêncio, da falta de anestesiologistas é um velho fantasma a rondar a SES-DF, há mais de uma década. Ainda na gestão do ex-secretário de saúde, Geraldo Maciel, em 2007, do governador Joaquim Roriz, em que se cogitava buscar um dispositivo legal para se contratar o serviço na rede privada.

Mudança de modelo

Solução essa que, na atualidade, Lucilene Florêncio, tentar viabilizar junto aos órgãos de controle e, ainda, com o controle social, representado pelo Conselho de Saúde do DF. “O DF já fez concurso e não logrou êxito. Estou em conversa com o Ministério Público do DF (MPDFT), com o Tribunal de Contas (TCDF) e com o Controle Social a fim de construirmos um caminho para resolver o déficit”.

Para isso, Lucilene Florêncio aponta um caminho, uma eventual mudança de modelo para a contratação de anestesistastas. “São poucos no Brasil, e eles estão organizados em cooperativas. Aqui no DF nós não temos essa modalidade de contratação. Precisamos de uma concordância entre os órgãos. Que o MP reconheça nosso completo esgotamento de mão de obra de anestesistas. Que o TCDF entenda que já fizemos tudo que poderíamos para contratarmos. E que o Controle Social entendendo que, para anestesista, precisamos ter outro modelo de contratação”, explica Lucilene.

Porém, vale um último alerta da SADIF, que vê nessa mudança de modelo uma saída, para despertar o interesse dos médicos anestesiologistas.”A contratação da iniciativa privada é uma opção, mas ainda assim pode haver o desinteresse devido às condições de trabalho.”, concluiu a SADIF.

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