Dentro do calendário de campanhas de saúde promovidas ao longo do ano pelo Ministério da Saúde, este mês é marcado por duas cores que fazem referência a duas doenças que merecem mais atenção da população: o Março Azul-marinho, sobre a prevenção do câncer colorretal; o Março Vermelho, referente ao câncer de rim.
Mais comum do que se imagina, o câncer colorretal ou do cólon e reto é a terceira causa de morte por câncer entre homens e mulheres no Brasil. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a previsão para o binário 2023-2025 é de que sejam registrados 45.630 novos casos desse tipo de câncer por ano no país, em Goiás esse número é 1.110, e Goiânia 400 casos. Segundo a médica radioncologista e nutróloga Ana Flavia de Paula Campedelli (CRM GO 18747), especialista que atende no Órion Complex em Goiânia, a incidência deste tipo de câncer no Brasil é bastante alta e corresponde a 21,1 casos a cada 100 mil habitantes, atingindo de forma quase igualitária homens e mulheres.
“É um tipo de tumor cujos os fatores de risco estão fortemente associados a alguns maus hábitos de vida da população, como: sedentarismo, por isso os obesos têm uma chance aumentada de desenvolver a doença, alto consumo de álcool e tabagismo. Pessoas que consomem uma excessiva quantidade de carne vermelha e alimentos processados, com baixo consumo de fibras, também têm mais chances de sofrer desse tipo de câncer”, explica a médica.
Predisposição genética
Outro fator de risco apontado pela especialista, no caso de câncer corretal, é a predisposição genética. Segundo Ana Flávia, outro fator de risco são as doenças inflamatórias intestinais, que em atividade há dez ou mais anos tem uma chance muito maior de desenvolver a doença, na comparação com indivíduos que não possuem essas comorbidades. Essas doenças são: retocolite ulcerativa e doença de Crohn. Pessoas que passaram por tratamento radioterápicos com energia ionizante na pelve ou no abdômen superior, também estão mais propensas a desenvolver este tipo de câncer.
A médica radioncologista diz que os indivíduos que têm predisposição familiar e histórico de síndromes relacionadas a este tipo de câncer devem iniciar precocemente a colonoscopia como forma de prevenção. “Geralmente 10 anos antes da idade do familiar de primeiro grau que teve o problema. Já os indivíduos que têm risco moderado, devem iniciar a colonoscopia a partir dos 45 anos. Dando negativa para pólipos, repete essa colonoscopia a cada 10 anos”, relata. E outra forma de rastreio para pacientes em torno de 50 anos, é o exame de sangue oculto nas fezes, e a partir dos 60 anos este exame deve ser feito anualmente.
Sintomas
São sintomas deste tipo de neoplasia: presença de sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre que não passam), dor ou desconforto abdominal, dor ao evacuar, fraqueza ou anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes (muito finas e compridas), presença de massa (tumoração) abdominal e mudanças no apetite.
De acordo com especialistas esse tipo de câncer tem alta chance de cura, principalmente se identificado no estágio inicial. A cirurgia é o principal caminho para que o tumor seja retirado, mas também há possibilidade de ser realizada radioterapia (tumores de reto) e quimioterapia, além do auxílio de medicamentos no tratamento.
Câncer de rim
Designado pelo Março Vermelho, o câncer de rim atinge principalmente homens entre 55 e 75 anos de idade. Apesar deste tipo de neoplasia não ser listado no Inca como um dos mais presentes no Brasil, a médica radioncologista Ana Flavia de Paula Campedelli explica que esse é o terceiro tipo de tumor mais frequente no aparelho geniturinário.
O grande alerta feito pela especialista é que trata-se de um câncer mais identificável em fases avançadas da doença. Entre os sintomas mais comuns estão a presença de sangue na urina, inchaço ou massa palpável abdominal próximo à coluna, dor constante no fundo das costas, cansaço em excesso, perda de peso constante e febre baixa e constante.
A especialista destaca como principais fatores de risco, pessoas com histórico familiar de câncer de rim; doenças genéticas, como síndrome de Von Hippel-Lindau; além de hipertensão e obesidade. O tratamento é a retirada cirúrgica de parte ou total do rim, a nefrectomia. “Não há um método consolidado de prevenção”, ressalta a médica, fato que acende o alerta para o paciente procurar um médico caso apareça qualquer um desses sintomas.