O Setembro Verde é um mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos, com foco na sensibilização da população sobre a relevância desse gesto solidário que salva vidas.
O Brasil possui o maior programa público de transplantes do mundo, coordenado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento de todo o processo de doação e transplantes no país. O programa, que é financiado em cerca de 88% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), garante acesso gratuito a esses procedimentos. Atualmente, o SUS conta com 728 estabelecimentos habilitados para realizar transplantes em todos os estados, assegurando que essa rede de atendimento esteja disponível em todo o território nacional.
O país é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com o Ministério da Saúde, os números de transplantes no país atingiram um recorde no primeiro semestre de 2024. Entre janeiro e junho, foram realizados 14.352 transplantes, superando os 13,9 mil procedimentos registrados no mesmo período de 2023. Entre os órgãos mais doados estão rins, fígado, coração, pâncreas e pulmão, além de córneas e medula óssea. No total, 4.580 órgãos, 8.260 córneas e 1.512 medulas ósseas foram doados nos primeiros seis meses deste ano, representando um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior, enquanto os transplantes de órgãos sólidos cresceram 4,2%.
A atuação dos profissionais de Enfermagem está em todas as fases do processo de doação de órgãos. A categoria é responsável pela identificação de potenciais doadores, pela manutenção clínica dos pacientes e pelo acompanhamento de todas as etapas técnicas e emocionais envolvidas na doação. A manutenção hemodinâmica dos doadores é uma tarefa complexa que depende da precisão e do cuidado dos enfermeiros para garantir que os órgãos permaneçam viáveis para o transplante.
Além da parte técnica, os enfermeiros são peças-chave no apoio às famílias dos doadores. Enfrentar o luto e tomar decisões sobre a doação de órgãos é uma experiência emocionalmente desafiadora, e é nesse momento que a atuação humanizada da Enfermagem faz toda a diferença. Esses profissionais prestam suporte emocional e ajudam as famílias a compreender o processo de doação, sensibilizando-as sobre a importância desse ato solidário. Tal abordagem é fundamental para reduzir as taxas de recusa familiar, que ainda são um obstáculo relevante no Brasil. Atualmente, cerca de 40% das famílias recusam a doação, uma taxa que tem sido reduzida gradualmente graças às campanhas de conscientização e ao trabalho dos profissionais de saúde.
A campanha Setembro Verde também busca conscientizar a população sobre a importância de expressar em vida o desejo de ser doador de órgãos. Embora os números de transplantes estejam crescendo, ainda há uma demanda significativa. O Ministério da Saúde gerencia a lista de espera por transplantes no Brasil e divulga dados atualizados diariamente. Atualmente, há mais de 44.503 mil pacientes aguardando na fila por um órgão que pode significar a diferença entre a vida e a morte. O envolvimento da sociedade é essencial para aumentar o número de doadores e garantir que mais vidas sejam salvas.
A lista de transplantes é única e válida tanto para pacientes do SUS quanto para os da rede privada. A ordem de espera é estabelecida com base em critérios técnicos, como tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética, além de critérios de gravidade específicos para cada tipo de órgão. Esses fatores determinam a posição dos pacientes na fila para transplante. Quando os critérios técnicos são equivalentes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, é utilizada como critério de desempate. Pacientes em estado crítico recebem prioridade devido à sua condição clínica. Além disso, é importante destacar que a flexibilidade nos critérios de doação permite que idade avançada ou certas condições de saúde não sejam, necessariamente, impedimentos para a doação de órgãos. Cada caso é avaliado individualmente, garantindo a segurança e a viabilidade dos transplantes.
O trabalho integrado do SUS, dos profissionais de saúde e, em especial, da Enfermagem, tem sido um dos fatores que permitem ao Brasil avançar nesse campo. O Setembro Verde reforça a mensagem de que a doação de órgãos é um ato de solidariedade que transforma o luto em esperança, e que o papel da Enfermagem é fundamental para que esse processo ocorra de forma eficiente e humanizada. Assim, o Brasil segue promovendo a vida e a solidariedade, com o apoio incansável de seus profissionais de saúde, que estão na linha de frente na luta para salvar vidas através da doação de órgãos.
Fonte: Ascom/Cofen