29.5 C
Brasília
Quarta-feira, Novembro 12, 2025
InícioDestaque BrasilTrês mil marcham na COP-30: Não há Saúde sem Justiça Ambiental

Três mil marcham na COP-30: Não há Saúde sem Justiça Ambiental

A Enfermagem está na linha da articulação pela Saúde na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30). Os conselheiros federais Vencelau Pantoja e Ludimila Magalhães e o presidente do Coren-PA, Antônio Marcos Freire, participaram da Marcha Saúde e Clima, nesta terça, 11/11, em Belém (PA). A mobilização continua hoje, com barqueata, e culmina com a participação na Marcha Global Unificada por Justiça Climática, no sábado.

As transformações ambientais exigem uma resposta integrada das políticas públicas de saúde. “As mudanças climáticas não são apenas uma questão ambiental — são uma questão de saúde pública. O aumento de temperaturas, as enchentes, as secas e os desastres ambientais têm impacto direto na ocorrência de doenças infecciosas, respiratórias e até mentais, atingindo principalmente as populações mais vulneráveis”, afirma Vencelau Pantoja. “A desigualdade social amplifica esses efeitos e impõe à Enfermagem o papel de compreender e agir sobre os determinantes sociais e ambientais da saúde”, avalia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, entre 2030 e 2050, mais de 250 mil mortes podem ocorrer por causas relacionadas ao clima, como arboviroses, enchentes, ondas de calor.  Vencelau destaca que a Enfermagem, por sua capilaridade no território brasileiro, é fundamental para a construção de respostas locais e sustentáveis à crise climática. “Estamos presentes em todos os níveis de atenção, do hospital à comunidade. Essa presença permite que sejamos multiplicadores de práticas sustentáveis e agentes de transformação social. O papel da Enfermagem vai além do cuidado clínico: envolve educação em saúde, mobilização comunitária e incidência política”, explica.

Durante a Marcha, o Cofen reforçou a necessidade de incluir o olhar ambiental na formulação de políticas públicas e na prática cotidiana dos serviços de saúde.  “A prática da Enfermagem impacta diretamente o meio ambiente, desde o uso e descarte de materiais hospitalares até as decisões relacionadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças. Quando um enfermeiro orienta sobre o uso racional de medicamentos, reduz internações desnecessárias ou incentiva hábitos de vida saudáveis, ele também está atuando na mitigação das mudanças climáticas, ainda que de forma indireta”, avalia a conselheira Ludimila Magalhães.

“Podemos contribuir orientando sobre o uso racional da água, o descarte correto de resíduos e os impactos das mudanças climáticas na saúde, além de participar ativamente da formulação de políticas públicas que integrem meio ambiente e saúde”, reforça Pantoja, lembrando que a atuação da Enfermagem deve ser também pedagógica e mobilizadora.

“Estar nesse espaço é reconhecer que a crise climática também é uma crise de saúde, e que sem profissionais valorizados e sistemas de saúde fortalecidos não haverá resposta efetiva”, afirmou Vencelau. O debate climático deve a valorização dos trabalhadores da saúde e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) como pilares de um futuro sustentável. Ao encerrar sua fala, o conselheiro reforçou o chamado para que a voz da Enfermagem seja ouvida em todas as esferas decisórias. “Que os líderes mundiais levem a mensagem de que cuidar do planeta é, também, cuidar das pessoas — e que investir em saúde é investir em um futuro mais justo e sustentável para todos”, concluiu.

Saúde e Sustentável: da Amazônia para o Mundo

O Movimento Saúde e Sustentável da Amazônia para o Mundo, idealizado pelo Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA), foi um dos organizadores da marcha. “O movimento surgiu há dois anos, quando a gente percebeu que não havia, na pauta da discussão da preparação para a COP, um debate sobre a saúde. Resolvemos, então, através do Coren-PA, fazer esse movimento para que a gente pudesse ter espaço e fazer as considerações que consideramos importantes para a questão do clima e da saúde”, explica o presidente do Coren-PA, Antônio Marcos Freira.

“Esse movimento gerou uma série de atividades, combinando com agora a COP, em que a gente tem uma programação intensa para difundir a ideia de que é preciso levar em consideração a saúde nas decisões que se relacionam ao clima, considerando especialmente as condições de vida hoje dos ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas, que são os detentores da região, os proprietários culturais legais da região e que precisam ser ouvidos nesse processo de construção”, afirma.

 

Fonte: Ascom/Cofen – Clara Fagundes

Source link

VEJA TAMBÉM
- Advertisment -

RECENTES