Por Kleber Karpov
O uso excessivo e sem controle de dispositivos eletrônicos atua como um catalisador de graves problemas psíquicos entre adolescentes no Brasil e no mundo. O alerta foi o ponto central da abertura do painel sobre dependência digital, conduzido pelo psicólogo Ivanildo de Andrade, durante o 10º Congresso Internacional Freemind 2025, realizado nos dias 10 a 16 de novembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O especialista destacou que a tecnologia, quando desregulada, altera o processamento de informações e o foco dos jovens.
Andrade enfatizou que o cenário atual ultrapassa a discussão puramente tecnológica e configura uma emergência de saúde pública. Para o psicólogo, os dispositivos móveis não são a única causa, mas funcionam como um elemento que agrava quadros preexistentes de vulnerabilidade emocional. “Não estamos falando apenas de tecnologia, mas sim de uma crise de saúde mental em adolescentes que a tecnologia está potencializando”, afirmou.
Dados alarmantes
O especialista apresentou estatísticas que dimensionam o problema. Segundo dados expostos no painel, um em cada sete adolescentes no mundo já apresenta algum tipo de transtorno mental. No recorte brasileiro, a situação se mostra ainda mais crítica, com estimativas de que quase um em cada seis jovens convive com problemas como ansiedade e depressão.
Um dos pontos de maior tensão na palestra envolveu os índices de autoagressão. O psicólogo citou dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que indicam uma frequência assustadora de atendimentos médicos decorrentes de danos autoinfligidos nessa faixa etária.
“Já existe esse risco agudo de que, a cada 10 minutos, uma criança ou um adolescente é internado ou atendido devido à autoagressão. A dor psíquica já foi ultrapassada e se instala o ato em si”, alertou Andrade.
Limites inteligentes
O painel mediado por Andrade buscou evitar uma visão simplista que apenas demoniza as ferramentas digitais. O objetivo do debate, que contou com a participação de outros especialistas como a Dra. Edmara e o Dr. Leonardo Carriço, foi traçar caminhos para o estabelecimento de “limites inteligentes”.
A proposta central do evento foi oferecer estratégias para pais e gestores públicos lidarem com o fenômeno. A discussão abrangeu desde experiências clínicas e manejo familiar até a implementação de políticas públicas e visões internacionais sobre o tema.
Congresso Freemind
O Congresso Internacional Freemind 2025, se identifica como “um ciclo de resistência, compromisso e ação por um Brasil mais consciente, saudável e justo diante das dependências químicas e vícios comportamentais.”.
Nesse ano, o Freemind reuniu mais de 50 palestrantes nacionais e internacionais, entre especialistas, gestores públicos, lideranças sociais e representantes da sociedade civil em 32 horas de realização de painéis e palestras, além de prover espaços exclusivos para comunidades terapêuticas, instituições parceiras, apresentações científicas (oral e pôster), mais de 50 estandes de expositores, o inédito Freemind Walk for Life.
O evento contou ainda com debates do Senad Day, em articulação com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e Depad Day com o Departamento de Prevenção, Atenção e Reinserção Social (Depad) em, momentos decisivos de articulação com o poder público.
Todo esse ‘know-how‘, ‘staff’ e estrutura, dedicados a debater e discutir sobre as dependências químicas e vícios comportamentais bem como evidenciar as abordagens de ações preventivas, tratamentos e formas eficazes de reinserir as vítimas à sociedade.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.



