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Novo fitoterápico produzido pela Farmácia Viva trata dor de garganta

Com eficácia atestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a tintura de alecrim-pimenta (Lippia sidoides) é o mais novo fitoterápico produzido pelo Núcleo de Farmácia Viva da Secretaria de Saúde (SES). Destinado ao combate de dores de garganta no âmbito da Atenção Primária à Saúde e com ação antisséptica, o medicamento já está disponível em 17 Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

A produção da tintura foi iniciada em outubro passado e até maio de 2023 somava 2.049 frascos, de 30 ml cada. Todas as etapas – cultivo, preparo, embalagem e distribuição – são feitas pelo Núcleo de Farmácia Viva. Por mês, a capacidade de produção é de 300 a 400 unidades.

Farmacêutico e chefe da unidade de Riacho Fundo II da Farmácia Viva, Nilton Netto desenvolveu a técnica por aqui. Ele explica os desafios de ambientação da planta medicinal, nativa da caatinga do semiárido nordestino. “Ela não se adapta a qualquer região. Somos um dos poucos projetos no Brasil que têm essa planta dentro do escopo de espécies”, afirma. O processo foi iniciado no Cerrado há 30 anos e leva, em média, três anos até a planta estar pronta para a colheita.

Chefe da Farmácia Viva de Riacho Fundo II, Nilton Netto desenvolveu a técnica para produção da tintura de alecrim-pimenta no DF| Fotos: Sandro Araújo/Agência Saúde

Produção

Retirado por meio das folhas do alecrim-pimenta, o principal componente ativo do fitoterápico é o timol, de alto poder contra fungos e bactérias. Depois da triagem para selecionar as melhores folhas e da higienização, o material vai para uma estufa, aparelho com circulação de ar a 45ºC, para desidratação.

“Em seguida, é pulverizado em um equipamento que transforma a folha em pó. No laboratório, passa, ainda, por uma máquina chamada percolador com etanol, substância que extrai os princípios ativos. Por fim, gera a tintura final com odor exatamente igual ao da planta, porque os componentes químicos são preservados”, detalha o farmacêutico.

De uso tópico, o medicamento deve ser utilizado diluído em água para gargarejo e bochecho e é recomendado apenas para uso adulto, acima de 18 anos. “O fitoterápico é uma opção terapêutica. Cabe ao profissional optar para que o paciente conheça e saiba que é possível receber o produto no Sistema Único de Saúde (SUS)”, acrescenta. Entre os benefícios, na comparação com remédios sintéticos, há o custo e a tecnologia mais simples de desenvolvimento.

O fitoterápico já está disponível em 17 UBSs do DF. A medicação é recomendada para uso adulto e diluída em água para gargarejo e bochecho

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi criada pelo Decreto 5.813/2006. De acordo com diretrizes do Ministério da Saúde, são considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade.

Controle de qualidade

A tintura de alecrim-pimenta produzida pela Farmácia Viva é submetida a controle de qualidade em colaboração com o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF). No local, o fitoterápico passa pela avaliação técnica da equipe para emissão de laudos de certificação.

“Em 2021, a Anvisa publicou um documento com várias formulações fitoterápicas preconizadas para uso em farmácias vivas ou privadas, entre elas a tintura de alecrim-pimenta. Esse uso oficial é preconizado por essa indicação da Anvisa”, destaca Nilton Netto.

Hortos medicinais

A SES possui quatro hortos medicinais em toda a rede com o objetivo de cultivar plantas medicinais que serão utilizadas em tratamentos de saúde, visando agregar fitoterápicos para complementar o tratamento de usuários da Rede Pública. Eles funcionam na Unidade Básica de Saúde 1 do Lago Norte, na Casa de Parto, em São Sebastião, na Farmácia Viva do Riacho Fundo I e na Farmácia Viva do Centro de Referência em Práticas Integrativas (Cerpis), em Planaltina.

Atualmente, 14 fitoterápicos são ofertados na rede do DF. O alecrim-pimenta inclusive é preparado, há 21 anos, também como gel fitoterápico para uso tópico como antisséptico. Há ainda, entre outros, xarope, tintura e chá medicinal de guaco (Mikania laevigata); tintura de boldo nacional (Plectranthus barbatus); tintura de funcho (Foeniculum vulgare); gel de erva baleeira (Cordia verbenacea); gel de confrei (Symphytum officinale); e gel de babosa (Aloe vera).

Os fitoterápicos podem ser retirados gratuitamente mediante apresentação de prescrição, em duas vias, e documento pessoal nas farmácias das UBSs. A distribuição da tintura de alecrim-pimenta ocorre de forma escalonada às regiões de Saúde para que as equipes locais sejam capacitadas.

Recentemente, UBSs de Taguatinga, Recanto das Emas e Samambaia receberam o medicamento. Unidades na Candangolândia, no Guará, no Lúcio Costa, no Riacho Fundo, Riacho Fundo II e no Núcleo Bandeirante também já possuem o medicamento.

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