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Quarta-feira, Outubro 30, 2024
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Deepfakes nas eleições:  Cuidado com o que você assiste nas redes sociais

Nem tudo que parece, realmente é

Por Kleber Karpov

Em pleno período eleitoral, as redes sociais são importantes meios para a divulgação dos candidatos, sejam de realizações, de condutas e, sobretudo, de propostas do que se pretende fazer em prol da população ou de uma comunidade local. E as redes socais e aplicativos de mensagens instantâneas se tornaram um meio eficiente e valioso para se fazer tais divulgações. Porém, assim como pode ser utilizada para se falar de projetos, também são utilizadas para disseminar mentiras e desinformações.

No meio político, uma dessas formas de propagação de desinformações são as fake news, em que se disseminam mentiras como se fossem informações verdadeiras. Porém, um outro vilão, na opinião de especialistas, a chamada deepfake, é um meio que pode se tornar extremamente nocivo e até mudar o rumo de uma eleição.

O deepfake é uma tecnologia que se utiliza de inteligência artificial (IA) para a criação de vídeos falsos, porém, bem realistas, com os primeiros registros ocorridos em 2017. Na ocasião um usuário do Reddit, um fórum online popular, para postar vídeos falsos, vinculado a celebridades.

A técnica também é bastante utilizada em sátiras, mas, que no  meio político, e no Brasil o jornalista, roteirista, digital influencer, empresário e deepfaker, Bruno Donizeti Sartori, 33 anos, considerado a maior autoridade, ou simplesmente o ‘Bruxo dos videos’ ,  quando o assunto é produção de vídeos com o emprego da técnica. Proprietário da Face Factory, Sartori atende empresas a exemplo da Netflix, Samsung, Rede Globo, SBT e Pfizer.

Porém, a popularidade ocorre por meio de centenas de vídeos satíricos, assinados por Sartori, publicados nas redes sociais. Neles, o ‘Bruxo dos videos’,  explora fusões de rostos, coreografias e falas de personagens famosos dos meios artísticos e político.

Um dos mais famosos, se remete a ‘A Usurpadora’ [novela mexicana], em que Sartori, afirma ser um das produções mais famosas que em um único dia converteu mais de 40 mil seguidores na rede social Instagram. O vídeo em questão, produzido em 2019, traz a tona a rivalidade entre os protagonistas da política brasileira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o atual, Jair Messias Bolsonaro, em disputa da presidência da República, nas eleições de 2022, encarnados em uma das cenas da telenovela.

Quase imperceptível

E ninguém melhor que Sartori para endossar, o quanto pode ser perigoso, o emprego da técnica do deepfake, para a disseminação de informação falsa. Ainda em 2019, em entrevista ao Showmetech (Veja Aqui), o ‘Bruxo dos videos’ comentou, tecnicamente, sobre a evolução da técnica, do processo de produção e a dificuldade em se distinguir uma produção verdadeira de uma falsa.

“Por exemplo, antes os rostos ficavam um pouco mais embaçados, os dentes ficavam unidos. Hoje, o processo está tão avançado que a gente já superou esses obstáculos e está difícil até para eu descobrir se o vídeo é falso ou não, mesmo olhando e trabalhando bastante com isso.”, disse Sartori na ocasião.

Riscos

Nos últimos anos, seja por conta da tentativa de minimizar a pandemia do coronavírus, a adoção de notícias falsas como instrumento de gestão de mandato, ou de plataforma política eleitoral, a exemplo do que ocorreu com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,  com Bolsonaro no Brasil, ou até mesmo na, invasão que resultou na guerra, ou operação especial, da Rússia em relação a Ucrânia; a disseminação de notícias falsas exigem contrapartidas pesadas de instituições jurídicas, órgãos de imprensas e grandes corporações de tecnologia, em especial as voltadas à redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas.

Também é importante lembrar que, no Brasil, Bolsonaro é investigado pelo Superior Tribunal Federal (STF), por desde agosto de 2021, no inquérito que apura a divulgação de informações falsas e colocam o presidente do Brasil a suspeita de envolvimento em 11 crimes, ligados à disseminação de notícias falsas. Além da atuação informal, na cúpula do governo federal do ‘gabinete do ódio’, capitaneado pelo filho do chefe do Executivo, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos/RJ), pautado em radicalização de discurso e disseminação de notícias falsas.

Cenários esses em que, no país, instituições a exemplo do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); consórcios de órgãos de imprensa para realização de checagens de fatos, com o apoio de corporações a exemplo do Google, Twitter, Facebook e Instagram, se mobilizam e investem pesado para tentar combater e coibir a propagação de notícias falsas.

Porém, dado a polarização política brasileira e as eleições acirradas, a propagação das deepfakes corre o risco de se tornar uma realidade, cada vez mais presente da vida do eleitor. Um instrumento considerado extremamente nocivo que tem por finalidade, deslegitimar discursos e destruir reputações. Recursos esses, que podem mudar os resultados de uma disputa eleitoral.

Nessa linha, adverte o advogado e professor de Direito Constitucional Antonio Carlos de Freitas Junior, “a deepfake é uma realidade hoje e como qualquer ferramenta, ela pode ser utilizada para fins perversos, se nas mãos de pessoas mal-intencionadas. Tendo em vista os recentes ataques às instituições democráticas no Brasil, não há dúvida quanto aos riscos gerados pelas deepfakes às eleições de 2022. Fato é que, graças a essa nova tecnologia, os casos de conteúdos falsos criados e divulgados para deslegitimar as eleições e os candidatos se tornarão mais frequentes.”, disse.

As deepfakes já estão por aí

E para quem acredita que não há o risco, nessa semana a jornalista do UOL, Cristina Tardáguila, acendeu o sinal de alerta, para a primeira deepfake em circulação, após o início das campanhas eleitorais desses ano (17/Ago). O caso ocorreu em manipulação em que se mostra uma falsa pesquisa, na voz da âncora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos.

Na manhã de quarta-feira (17/Ago), uma montagem passou a circular por meio do Whatsapp, Twitter e Youtube. Nela, uma manipulação, inverteu, resultados de uma pesquisa verdadeira onde se atribuiu, falsamente, Jair Bolsonaro em primeiro lugar com 44% das intenções de votos, e Lula em segundo com 32%, quando o correto era o oposto, Lula em primeiro com 44% e Bolsonaro em segundo com 32%.

Fique atento

Conforme também pondera o advogado Freitas Junior, ao chamar atenção para a necessidade de se ficar atento e, sobretudo questionar tudo o que se vê ou ouve nas redes sociais, por causa do poder destruidor das deepkfakes.

“Na política, uma imagem sempre valeu mais que mil palavras. Com a deepfake, uma mesma imagem pode significar mais que mil mentiras. ”.

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