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Terça-feira, Dezembro 10, 2024
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GDF inicia atendimento de telemedicina com Hospital Albert Einstein

Por Humberto Leite

A um mês de completar 90 anos de idade, o pioneiro Benedito da Silva viu muita coisa mudar no Distrito Federal: suas mãos ajudaram a construir prédios que hoje fazem parte do dia a dia da capital, inclusive alguns dos hospitais da rede pública de saúde. Na terça-feira (6), ele mais uma vez é precursor, mas agora em uma iniciativa para cuidar do seu próprio bem-estar: Benedito foi o primeiro paciente atendido pelo novo projeto de telemedicina que conecta unidades básicas de saúde (UBSs) do Distrito Federal a médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP). Na primeira fase, 15 UBSs de localidades isoladas ou de maior vulnerabilidade social serão beneficiadas.

“A telemedicina vem para o fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde para completar a resolução de cuidados da Atenção Primária à Saúde. É o presente e o futuro da assistência”, afirma a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. O convênio assinado pelo Governo do Distrito Federal viabiliza consultas nas áreas de endocrinologia, neurologia adulto, neurologia pediátrica, pneumologia, cardiologia adulto, psiquiatria e reumatologia adulto com médicos do hospital paulista, que se conectam via internet às UBSs da capital federal.

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, acompanha início do serviço na UBS 1 de São Sebastião: “A telemedicina vem para o fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde para completar a resolução de cuidados da Atenção Primária à Saúde. É o presente e o futuro da assistência”. Fotos: Tony Winston, da Agência Saúde-DF

O atendimento de Benedito deixou claro as vantagens do sistema. Morador da Estância Mestre D’Armas, em Planaltina, ele precisava se deslocar até o Hospital Regional de Sobradinho (HRS) ou ao Hospital Regional de Asa Norte (Hran) para as consultas com cardiologista, principalmente depois de um infarto sofrido em 2017. A dificuldade de transporte piorou no ano passado, quando ele sofreu uma queda e fraturou o fêmur. Agora, com a telemedicina, ele é atendido na própria UBS 4 de Planaltina, localizada na estância.

A tecnologia não foi um problema. O pioneiro não sabe mexer em computador e sequer utiliza aparelho celular, mas durante a consulta foi acompanhado pelo médico Felipe Leite Reis, da especialidade de família e comunidade, que já faz o acompanhamento de Benedito para todas as suas demais demandas de saúde. “Achei a mesma coisa, não é muito diferente não”, concluiu o aposentado.

O modelo adotado prevê o atendimento com dois profissionais: o especializado, via telemedicina, e um servidor da própria SES, que faz o acompanhamento constante do paciente. Na primeira consulta, o médico Felipe fez muito mais que operar a tecnologia: o papel dele foi tanto dar ao profissional sediado em São Paulo uma visão detalhada do estado clínico quanto, por outro lado, conseguir se comunicar melhor com o paciente, seja por conhecer mais da sua realidade, seja até pelo uso de uma linguagem mais adaptada.

A confiança conquistada previamente em outros atendimentos também faz diferença. “Pela idade dele, é bom ter esse convívio. E a equipe conhece todo o histórico”, acrescenta Arthur Kléber Cardoso, sobrinho de Benedito e responsável por levá-lo a todas as consultas e exames.

O médico da UBS também elogia a possibilidade de contar com um colega na tela do computador. “Com a telemedicina teremos mais segurança, vamos aumentar a resolutividade dos atendimentos e até adquirir novas competências”, elogia.

Benedito da Silva, primeiro teleatendimento na UBS 4 de Planaltina, com o médico Felipe Leite Reis

A coordenadora de Atenção Primária da SES, Fabiana Soares Fonsêca, destaca que as equipes das UBSs incluídas nesta primeira fase do projeto receberam treinamento. “Os médicos de família e de comunidade já têm a responsabilidade de conduzir o caso. Com o especialista junto, essa discussão é maravilhosa, tanto para o médico quanto para o paciente”, explica. A gestora lembra ainda da expectativa de redução das listas de espera para consultas das sete especialidades contempladas no convênio da SES com o Hospital Albert Einstein.

O acordo de cooperação técnica faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) e se insere no Programa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira – Hospital Albert Einstein (SBIBHAE) para oferecer telemedicina às regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.

Na terça (6), foram realizados atendimentos na UBS 4 de Planaltina, UBS 1 do Paranoá e UBS 1 de São Sebastião. Nos próximos dias começam as consultas, todas eletivas e agendadas, na UBS 1 Lago Norte, UBS 2 Sobradinho, UBS 5 Planaltina, UBS 1 Santa Maria, UBS 2 Santa Maria, UBS 2 Recanto das Emas, UBS 1 Samambaia, UBS 5 Ceilânda, UBS 6 Ceilândia, UBS 1 Brazlândia, UBS 6 Taguatinga e UBS 2 Estrutural. O convênio poderá ser ampliado para outras unidades.

Expansão da telemedicina

No DF, em 3 de janeiro, o governador Ibaneis Rocha sancionou a Lei nº 7.215/2023, que autoriza o exercício da telemedicina na rede pública de saúde e também na rede privada. A lei distrital determina as normas e diretrizes necessárias para a prática da telemedicina no DF. Dentre elas, é assegurada ao médico autonomia completa na decisão de adotar ou não a telemedicina para os cuidados ao paciente, cabendo ao profissional indicar a consulta presencial sempre que considere necessário.

A norma também traz a obrigatoriedade de capacitação do médico em bioética, responsabilidade digital, segurança digital, pilares para a teleconsulta responsável, telepropedêutica e treinamento em mídia digital em saúde. O atendimento por telemedicina somente pode ser realizado após a autorização do paciente ou de seu responsável legal.

Outras experiências de telemedicina têm sido realizadas pela SES em UBSs de São Sebastião, Guará e Lago Norte. Em maio de 2023, o Hospital da Região Leste, localizado no Paranoá, em parceria com o Hospital da Criança de Brasília, passou a realizar mentorias, por meio de chamadas de vídeo, entre médicos intensivistas da unidade de terapia intensiva pediátrica e os profissionais de plantão na emergência e no pronto-socorro, como reforço ao atendimento de crianças com doenças respiratórias.

 

 

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